Certo dia de 2005, estava eu, em plena atividade profissional, quando dois alunos, um rapaz e uma mocinha, aproveitando o intervalo entre as aulas, aproximaram-se de mim. Estavam com um ar... uma expressão esquisita, séria... Pareciam dois mafiosos planejando friamente a minha morte.
Tremi. Eles chegaram bem perto. E, falando sem sorrisos e com profunda expectativa na face, o rapaz tomou a iniciativa de falar. Tocando levemente no meu braço, ele olhou fundo nos meus olhos e perguntou, ou melhor, disse:
"Professor, nós precisamos – e esse 'precisamos' denotava uma necessidade infinita – saber como se formam os furacões. O senhor pode explicar?"
Confesso que fiquei aliviado. Mas a tensão que passei não me permitiu reunir naquele momento os argumentos necessários para explicar toda a questão que envolve estas catástrofes atmosféricas, os ciclones, furacões e tufões. E eu gosto das explicações completinhas, minuciosas.
A pergunta deles foi movida pelo fenômeno do Katrina, que destruiu a cidade de Nova Orelans. No ano passado, li essa reportagem sobre um ciclone (Mônica – quase sempre eles têm nome de mulher) que atingiu a Austrália, muito mais forte que o Katrina, porém provocou uma destruição muito menor. Quase não foi noticiado.
"Superciclone castiga a Austrália".
Um ciclone tropical com ventos de 350 quilômetros por hora arrasou ontem (24/04/2006) a costa nordeste da Austrália. Mônica só não causou grandes prejuízos porque a região é pouco povoada. No entanto, causou surpresa entre especialistas devido à sua força extrema. O ciclone Mônica pode ser a mais violenta tempestade tropical registrada em qualquer oceano.
O Olho do furacão – considerado um dos mais perfeitos já observados por satélite – tocou o solo numa região coberta por pântanos e florestas, o que evitou conseqüências mais graves. Segundo meteorologistas do site StormTrack, pode ser a mais intensa tempestade tropical de que se tem registro, caso sejam confirmados os dados obtidos por satélite. Com uma pressão de 868,5 milibares, Mônica chegou a ser mais forte do que qualquer furacão do Atlântico ou tufão do Pacífico. Até agora a pressão mais baixa já registrada (quanto menor a pressão, maior a força da tempestade) era a medida no olho do tufão Tip, com 870 milibares.
Acessado em 25/04/2006.
Daí, senhores e senhoras, venho trazer aqui as respostas para algumas perguntas comuns quando se trata deste assunto. Podemos achar que é tudo igual – ciclone, furacão, tufões, mas não são. Eis as questões:
O que são Ciclones?
Ciclones são grandes massas de ar e vapor d’água que giram ao redor de uma área de baixa pressão atmosférica e sobre o oceano. Ciclones tropicais atuam em áreas de latitudes mais baixas, isto é, nos trópicos. Ciclones extratropicais atuam em latitudes mais altas.
Qual a diferença entre Ciclones, Furacões e Tufões?
Furacões e Tufões são Ciclones! Sendo que estes se locomovem numa velocidade superior a 100 quilômetros por hora. A diferença entre Furacões e Tufões é geográfica. Os ciclones que nascem no Oceano Atlântico são chamados de Furacões e os ciclones que nascem no Índico ou no Pacífico são chamados de Tufões.
Como se formam os Ciclones?
O surgimento mais comum de um ciclone é associado à presença de grande volume de ar seco que se desloca sobre o oceano tropical. Os exemplos clássicos são os furacões que atingem o Golfo do México, as ilhas da América Central e a costa dos Estados Unidos, como o Katrina.
O ar seco proveniente do Deserto do Saara é transportado pelos ventos alísios e durante o trajeto o ar seco absorve grande quantidade de água do mar que se evapora. O ar quente é mais leve e sobe junto com o vapor d’água. Quando se condensa (se liquefaz), o vapor libera calor e aquece o ar novamente, que sobe e torna os ventos quentes instáveis. Se a diferença entre a temperatura da superfície do oceano (quente) e das altas camadas atmosféricas (fria) for muito grande, a massa de ar ganha volume cada vez maior e adquire a forma de vórtice atmosférico, conhecida como furacão. O “olho” do ciclone fica na região central do fenômeno, possui poucos ventos, é quente, seco e de baixíssima pressão atmosférica (Lembrete: ventos sopram de alta pressão para baixa pressão). É no olho que a água evapora e aumenta o tamanho do ciclone, podendo o olho medir de oito quilômetros até duzentos quilômetros, o que torna fácil identifica-lo em imagens de satélites.
Qual é a escala utilizada para classificar os ciclones?
É a escala Saffir-Simpson, que varia de F1 a F5.
· F1 – Ventos entre 118 e 152 Km/h.
· F2 – Ventos entre 153 e 178 Km/h.
· F3 – Ventos de até 209 Km/h.
· F4 – Ventos de até 250 Km/h.
· F5 – Ventos superiores a 250 Km/h.
É isso aí, queridos.
Um abraço solidário!
5 comentários:
Quem comentaria um texto como esse?
E AI DIEGO QUERIDO!
VALEU PELA EXPLICAÇÃO QUE VEM EM BOA HORA E COM FÁCIL ENTENDIMENTO.
OBRIGADO POR VOCÊ SER MEU FILHO.
CESAR
Após essa leitura me pergunto: Será que ainda existe possibilidade de alguém cogitar alguma dúvida?????
Perfeito, nunca imaginei que tufões e furacões diferenciavam-se pela geografia. Nascem tantas lendas a esse respeito, que só depois de uma aula dessa, pude organizar meu raciocínio.
Deixei de ser ex-colega da 4ª série e passei a ser seu aluno...
Grande abraço.
Paizão: Só eu é que tenho o que agradecer.
Mario: Meu pequeno grande colega!
Seja bem chegado nessa esquina suburbana, malandro!
Um abraço!
Ajudou-me imenso num trabalho que tinha de entregar amanhã. Muitíssimo obrigada por partilhar a sua sabedoria connosco! :)
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