Dentre todas as bandeiras políticas, econômicas ou sociais pró-subúrbio que eu possa levantar aqui nesse espaço, não vejo uma que seja mais digna do que a defesa da elevação da auto-estima do suburbano.
Queria que os suburbanos não sentissem vergonha do espaço onde vivem, do seu bairro, da sua aldeia. Que seus vínculos subjetivos com o seu lugar não fossem fundamentalmente marcados por aspectos negativos mas por tudo o que pode fazer do subúrbio um lugar muito melhor do que hoje ele é.
Queria que os suburbanos não tivessem como meta de progresso - e de vida - mudar-se do subúrbio para qualquer bairro da cidade banhado pelo Oceano Atlântico, por que seria possível viver aqui e, ao mesmo tempo, desfrutar de todas as benesses da cidade, se ela tivesse fluidez e acessibilidade de fato democráticas.
Queria que ele não fosse a triste realidade de cada um que aqui vive sonhando com a vida que lhes seria (im)possível do outro lado do túnel, mas que fosse mais um lugar onde se pode viver dignamente entre os seus, numa comunidade que se respeita e se valoriza.
Queria que o subúrbio se orgulhasse dos seus pagodes nos bares de esquina, pertinho de Exu e sob os olhos de Ogum. Que o baile funk fosse só um baile funk, onde as gatinhas podem dançar e os marmanjos podem tirar a sua onda. E nada mais. Que a capoeira voltasse sonora e vistosa pra rua, deixando um pouco pra lá as academias e seu suor artificial.
Queria que o suburbano se orgulhasse de sua vida autônoma e autêntica, de suas feiras, de seus mercados, suas macumbas, suas freguesias, de suas igrejas - todas as igrejas! - dos seus campeonatos amadores de futebol e do seu jeito único de sertão metropolitano. Não quero uma cidade partida. Quero uma cidade integrada, integral e íntegra.
Mas para que essa auto-estima do suburbano se eleve, pra que ele sinta vontade de seguir vivendo no subúrbio, é preciso permitir-lhe ir e voltar do seu trabalho tranquilo, sabendo que ele vai perder o mínimo que todos devem dispor do seu tempo nesse vai e vem. Que ele não estará comprimido entre seus iguais em algum meio de transporte caro que atenta contra sua dignidade diariamente.
É preciso dar-lhe a tranquilidade de deixar seus familiares em casa sabendo que eles estarão em um território livre do controle de grupos sociais criminosos e que o Estado lhe garante ao menos os níveis básicos de segurança. Pra ter mais auto-estima é preciso sentir-se cuidado, querido, desejado. Viver no subúrbio deveria deixar de ser fruto de uma condição para ser fruto de uma vontade.
Há tempos que esse blog vem se transformando num instrumento virtual de luta pela valorização da alma suburbana. Queremos que ele alcance transformações reais nas vidas das pessoas que vivem aqui. Estamos abraçando, humildemente, essa causa. Vamos cobrar de quem pode fazer isso virar realidade.
Queria que os suburbanos não sentissem vergonha do espaço onde vivem, do seu bairro, da sua aldeia. Que seus vínculos subjetivos com o seu lugar não fossem fundamentalmente marcados por aspectos negativos mas por tudo o que pode fazer do subúrbio um lugar muito melhor do que hoje ele é.
Queria que os suburbanos não tivessem como meta de progresso - e de vida - mudar-se do subúrbio para qualquer bairro da cidade banhado pelo Oceano Atlântico, por que seria possível viver aqui e, ao mesmo tempo, desfrutar de todas as benesses da cidade, se ela tivesse fluidez e acessibilidade de fato democráticas.
Queria que ele não fosse a triste realidade de cada um que aqui vive sonhando com a vida que lhes seria (im)possível do outro lado do túnel, mas que fosse mais um lugar onde se pode viver dignamente entre os seus, numa comunidade que se respeita e se valoriza.
Queria que o subúrbio se orgulhasse dos seus pagodes nos bares de esquina, pertinho de Exu e sob os olhos de Ogum. Que o baile funk fosse só um baile funk, onde as gatinhas podem dançar e os marmanjos podem tirar a sua onda. E nada mais. Que a capoeira voltasse sonora e vistosa pra rua, deixando um pouco pra lá as academias e seu suor artificial.
Queria que o suburbano se orgulhasse de sua vida autônoma e autêntica, de suas feiras, de seus mercados, suas macumbas, suas freguesias, de suas igrejas - todas as igrejas! - dos seus campeonatos amadores de futebol e do seu jeito único de sertão metropolitano. Não quero uma cidade partida. Quero uma cidade integrada, integral e íntegra.
Mas para que essa auto-estima do suburbano se eleve, pra que ele sinta vontade de seguir vivendo no subúrbio, é preciso permitir-lhe ir e voltar do seu trabalho tranquilo, sabendo que ele vai perder o mínimo que todos devem dispor do seu tempo nesse vai e vem. Que ele não estará comprimido entre seus iguais em algum meio de transporte caro que atenta contra sua dignidade diariamente.
É preciso dar-lhe a tranquilidade de deixar seus familiares em casa sabendo que eles estarão em um território livre do controle de grupos sociais criminosos e que o Estado lhe garante ao menos os níveis básicos de segurança. Pra ter mais auto-estima é preciso sentir-se cuidado, querido, desejado. Viver no subúrbio deveria deixar de ser fruto de uma condição para ser fruto de uma vontade.
Há tempos que esse blog vem se transformando num instrumento virtual de luta pela valorização da alma suburbana. Queremos que ele alcance transformações reais nas vidas das pessoas que vivem aqui. Estamos abraçando, humildemente, essa causa. Vamos cobrar de quem pode fazer isso virar realidade.
3 comentários:
Olá, Diego, hoje mostrei aos meus alunos da EM Nereu Sampaio um vídeo da Sera da Misericíordia, eles estavam extasiados pela beleza quando de repente um gritou: - Peraí, tia, EU MORO AÍ!!!! Para mim foi A Glória. Estou tentando visitar ao teleférico para que eles fotografem a Geografia do lugar e percebam como é lindo o local onde vivem e que eles são os principais responsáveis e interessados por sua preservação.
Abraços
Professora Sueli Morani
suemorani@gnail.com
Cara seu blog é um bunker sobre o subúrbio, mas é difícil trabalhar a questão da auto estima entre nós, pois em pleno século XXI somos muito precários de tudo, mas temos que divulgar as coisas boas e isso você faz com certeza, um abraço.
Obrigado, gente! Saravá!
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