Ando trabalhando pra caralho. Correção de provas, elaboração de testes, seleção e produção de textos, enfim, vendendo minha força de trabalho ao grande capital. Por isso ando sem tempo de escrever algo original por aqui. Deixo, então essas rapidinhas vividas na manhã de hoje.
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Na sala de aula
Meus alunos do primeiro ano do ensino médio acharam, em geral, que a prova bimestral teve o mesmo nível de um teste psicotécnico. Ou seja, só se fode o indivíduo que é maluco ou burro pra caralho. E, de fato, a prova foi fácil. Mas eu descobri que, se não estou dando aulas pra malucos, tem uns caras burros pra caralho no meu alunado.
Entrei em sala, hoje, em Ipanema, depois de uma aula de matemática. E o clima entre os alunos era do tipo: acabou a aula de uma matéria difícil e começou a aula de uma matéria mongol. E eles simplesmente se recusaram a calar a boca diante da minha presença durante os primeiros cinco minutos. Fiquei mudo, olhando para a turma e aguardando o hormônio do "simancol" fazer efeito naqueles adolescentes demoníacos. Demorou, mas o hormônio agiu. Quando obtive silêncio total, disse pra eles o seguinte:
- Meu próximo teste será surpresa, como sempre, e com ele eu vou arrancar a cabeça de vocês à unhadas e guardar os poucos miolos pra comê-los, podres, na ceia de Natal.
Poucas vezes tive uma aula tão tranquila e participativa como hoje.
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No táxi
Peguei um táxi pra Tijuca. Na altura da esquina da Maracanã com a José Higino, pedi que o motorista entrasse à direita. Esqueci da orientação que deveria passar a seguir e, meio em cima, pedi pra ele entrar na primeira à esquerda, a Maria Amália. O taxista fez a manobra magistralmente.
Então, o malandro, cascudo, com pinta de 20 mil anos de praça, me perguntou:
- Essa aqui é a Maria José, não é?
E eu, suburbanissimo, respondi.
- Não. A Maria José fica lá em Campinho. Essa aqui é a Maria Amália.
Com ar de surpreso, ele comentou:
- É verdade!
E depois de dizer algo sobre a confusão que fez, me disse o seguinte:
- Mas, pô... poucas vezes eu vi um garoto da Tijuca como você conhecer uma rua como a Maria José.
E, em seguida, me perguntou:
- Você conhece bem o subúrbio?
Eu só disse:
- Ô...
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Até!
7 comentários:
Gostei do freio de arrumação na aula. Deus sabe o que faz por não ter me feito professor.
E a Rua Amália? Cascadura, Piedade ou Encantado??
Pois é, malandro. Eventualmente esses terrorismos são essenciais.
Rua Amália? Complicado, né?..
Ela envolve limites complexos entre bairros. Um troço que vai do emocional, da identidade, da sensação de pertencimento que cada um tem com o seu bairro.
Pegamos a rua Amália pela Suburbana, no sentido Cascadura, virando para a direita. Essa esquina eu acho que é Cascadura. Mas se eu atravessar a Suburbana para o outro lado e entrar na rua Vital, por exemplo, eu já acho que é Quintino.
Mas voltando pra Rua Amália, acho que ela começa em Cascadura e termina em Cavalcante, no pé daquele morrinho que se sobe pela rua paralela a ela, a rua Quintão.
Abraços, malandro!
Fala aí, Diego! Tudo na paz?
Cara, aprendi uma coisa muito, mas muito simples, e garanto que não sei onde li: nunca duvide da estupidez alheia. Independente da situação, ela sempre se fará presente.
De qualquer forma, como compartilho dessa nobre atividade profissional, entendi o grau de desabafo nas suas linhas. Dizem que miolos fazem bem à saúde, basta encontrá-los.
Qualquer dia a gente leva a enquete dos limites às ruas de Ramos, Olaria e Penha...
Forte abraço, camarada.
Professor!!
Fui teu aluno da 101 do ano passado, na Tijuca... lembra??
Po, a prova do segundo ano também estava mongol demais, mas acontece.
Um grande abraço!
Ps: to tendo aula com o Lucinho (SHOWWWWWW!! HAHAAHAHAHAHAH)
Wellington, estamos juntos, meu camarada! Acredito que minha prática terrorista seria mais eficaz se eu lecionasse química como você. Vamos ao subúrbio da Leopoldina, pois! Abraço!
André, claro que lembro, garoto! Acontece também que mesmo com prova mongol, vagabundo se fode... Vai entender... Abraço, garoto!
Pois é Diego, a molecada esquece que o mestre tem um poder do c......!
Uma falta de respeito sem precedentes né?
É ferro na boneca para eles deixarem de ignorar o mestre!!!
Saudações!
Pois é, malandro. E o ferro vai entrar em brasa.
Saudações!
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