sábado, março 29, 2008

HÉLIO DELMIRO - UMA ESCOLA DO VIOLÃO BRASILEIRO

O subúrbio carioca do Méier foi o berço de um malandro que tornou-se uma escola do violão brasileiro. Foi em maio de 1947 que nasceu por aquelas bandas o grande Hélio Delmiro. Aos cinco anos de idade o prodígio ganhou um cavaquinho do irmão Juca, e Carlos, seu irmão mais velho, que era pianista e professor de violão, trabalhou pra estimular no garoto o gosto pela música. Com apenas quatorze anos, o moleque já aprontava com um violão debaixo do braço mostrando sua arte para os bebuns dos botequins mais vagabundos do subúrbio da central.


Meu primeiro contato com a musicalidade do mestre foi em 2002, na rua Mendes de Aguiar, em Cascadura, onde morava meu sogro, o velho Mizoca. Meu cunhado Luis Henrique chegou por lá carregando o disco do Délcio Carvalho - A Lua e o Conhaque - em que a primeira música é "Fio de melodia". Eis a cena:


- Pai, escuta esse samba! - disse o Henrique.

- Quem é? perguntou, impaciente, o meu sogro.

- Calma, pai! Espera a música começar! Quero ver se o senhor adivinha...

Entra um violão fazendo um arpejo curto e bonito. Começa o canto.

- Ah!... Délcio Carvalho! Canta pra cacete, esse cara... - disse o velho.

- E de quem é esse violão, pai?

- Esse aí? Ah, Henrique! Tá achando que eu sou bobo, cacete! Esse crioulinho aí é o Hélio Delmiro!

Henrique tinha escondido o encarte do disco pra testar o pai. Pra ver se ele conhecia os caras mesmo. O velho sabia tudo, e mais!

- Eu conheci o Hélio quando ele tinha uns vinte anos e tocava no quarteto Fórmula 7 com o Marcio Montarroyos - grande trompete! -, o Cláudio Caribé e o Luizão Maia. Bebi muita cerveja com ele em Madureira, Henrique. Isso aí é uma fera!

Tinha razão, o velho. Delmiro tocava com o Fórmula 7 em bares e na zona. Nos intervalos das apresentações ele arriscava um jazz na guitarra, para as damas da noite e para os cavalheiros etílicos das madrugadas frias do cais. E com o fim do Fórmula, seus dedilhados precisos continuaram a correr os bares do Rio. Trabalhou com Victor Assis Brasil e Antônio Adolfo. Viajou pelo país e acabou sendo um dos violonistas mais requisitados para gravações e shows.

Tocou com Elizete, Miltinho, Marlene, Clara Nunes, e três anos com Elis, com quem fez viagens pela Europa e acabou mergulhando no mundo do Jazz. Foi convidado pra tocar com Sarah Vaughan, mas de tão requisitado, não pôde ir para os Estados Unidos e integrar a banda da cantora. Participou de apresentações com Luis Eça, Larry Corryell e Philip Catherine. Com Charlie Haden, Carla Bley, Paul Motion, Clare Fischer e o mestre Paulo Moura.

Gravou discos com César Camargo Mariano, Tom Jobim, Gato Barbieri, Clara Nunes e João Nogueira, além de participar brilhantemente do belo disco do Délcio Carvalho. Compositor, teve parceiros como Paulo César Pinheiro, em "Quando o Sol Raiar", gravada pelo saudoso Roberto Ribeiro.

Toque preciso, sonoridade com marca, com personalidade forte, que fez meu sogro reconhecer sua batida em menos de dez segundos. Estética fina, sofisticada, a serviço do povo do Subúrbio do Rio de Janeiro há mais de quarenta anos.

Em agosto de 2004, o mestre ficou preso por dois meses por não ter condições finaceiras de quitar uma dívida de pensão alimentícia de quase doze mil reais gerada por um logo período de desemprego. Na ocasião, o grande Moacyr Luz, violonista influenciado por Delmiro, organizou um show beneficente para ajudar a tirar o mestre da cadeia. O show teve a participação de Nana Caymmi, Guinga, Jards Macalé, Paulão Sete Cordas, Aldir Blanc, Wilson das Neves, João Lira, Victor Biglione, Wagner Tiso, Yamandú Costa, Leila Pinheiro, Cristóvão Bastos, Grupo Maogani, Trio Madeira Brasil, Zé Renato, Marco Pereira e Fátima Guedes. Toda a renda dos ingressos, vendidos a vinte reais, foi revertida a Hélio, para que ele quitasse seus débitos.

Todos esses músicos participaram desse show pois tem em Hélio Delmiro um mestre, pois elé é o que é. Uma escola do violão popular e da música brasileira.

sábado, março 22, 2008

A SANTA DA RUA AIERA E OUTROS CASOS

Há certos jovens que não se encaixam perfeitamente nos rígidos padrões de beleza impostos pela sociedade. E há aqueles cuja forma física e os traços faciais reproduzem com certa fidelidade esses mesmos padrões. Na adolescência, a efervescência hormonal leva os jovens a modificações estéticas rápidas e profundas que mexem com a auto-estima, e a sexualidade do sujeito entra em cena. Sem pretensões freudianas, vamos ao papo que interessa.

Eu sou um sujeito precoce. Encontrei o amor da minha vida aos 18 anos, casei-me aos 22 e, agora com 25, há quem diga que estou demorando muito pra ser pai. Mas a introdução sobre adolescência foi proposital pois quero contar certas coisas que vivi entre os 12 e os 14 anos.

Estava na sexta série, turma da manhã da Escola Pio XII, em Vila Kosmos, em 94. Eu e os garotos, dentre eles os meus irmãos Daniel Simões, Daniel Meirelles e Rafael "Perninha", além de outros grandes amigos como o Rubens, o Vitor, o Carlos "Bojon", decidimos instituir naquele ano uma eleição semestral da Garota Mais Bonita da Sala. A vencedora do primeiro semestre foi imbatível. A Soraya, além de ser um espetáculo - lindíssima da cabeça aos pés - era nova na turma. E os abrutres adoram carne fresca.

Todo mundo chegou junto, numa pressão do cacete. E todo mundo se fudeu. A Soraya deu, gloriosamente, sucessivos "tocos" em cada um dos marmanjos que ousaram galantea-la. O que serviu, apenas, pra deixar a galera subindo pelas paredes, loucos pra desvendar os mistérios que se ocultavam por trás daqueles olhos cintilantes e o sabor daqueles lábios deliciosamente carnudos. Deu merda. O clima ficou tenso. Se a garotada não tivesse coração de doze anos, neguinho baixava hospital com infarte. Caminho de ida, sem volta.

As mentes inquietas começaram a armar festinhas pra reunir os garotos e, é claro, as garotas, razão fundamental de tais eventos. Estilo Hi-Fi. Rapaziada levando refrigerante e as garotas levando uma comida. Chovia biscoito salgado. Presuntinho e Skyni eram os campeões. Tia Beth, mãe do Meirelles, tem conceito altíssimo com a galera até hoje pois algumas vezes cedeu o espaço da garagem para a nossa bazófia.

Com a festa armada, o que se presenciava era a arte da guerra. Todo mundo atirando pra tudo que é lado. E tinha atirador de toda espécie. Tinha quem só dava tiro pro alto - assustava todo mundo e não acertava ninguém. Tinha quem só dava tiro no pé - tipo joselito que erra feio e passa vergonha. Mas tinha Sniper, atirador de elite - aquele que só dava tiro certeiro. Para espanto e euforia dos caras, tinha sniper dos dois lados. Durante as festas as garotas se soltaram e começaram a atirar com precisão. Não ia prestar.

Confesso, com vaidade extrema, que eu estava na lista dos atiradores de elite. Meu primeiro tiro certeiro valeu-me a primeira namorada - coisa que homem de caráter não esquece nunca. Foi um tiro duplo pois eu também fui alvejado, por um tiro que teve mais precisão que o meu. No final daquele ano de 94, depois de um mês namorando a Alice - morena de uma beleza sufocante e olhos de cor indizível - ela me chamou num canto e disse:

- Você sabe que eu só quero a sua amizade, não é?

Impossível guardar mágoa de Alice. Registre-se: Alice venceu a votação do segundo semestre daquele ano e eu estava com ela. Trocando em miúdos. Eu era o Cara aos 12 anos e minha história precoce apenas começava a ser escrita.

Depois de férias agitadas, voltamos pra sétima série em 1995. E não demorou pra galera começara a atirar. Eu mirei uma vez só e acertei a Aline Maia. E fui acertado por ela também, precisamente. A Aline era mais velha que a média da galera, que tinha de 12 pra 13 anos. Ela, no início daquele ano, estava prestes a completar 15, com direito a festa no Play com clip filmado no Jardim Botânico e o escambau. E quem foi pra festa de namorado da debutante? Eu, o cara, ainda com doze anos, cada vez mais vaidoso.

Minha vaidade, reconheço, era tanta que tirei onda de mais novo podendo tranquilamente passar por mais velho. O namorado de uma prima dela - acho que se chamava Franklin - me perguntou quantos anos tinha. Devolvi a pergunta pra saber quantos anos ele achava que eu tinha. Senti-me um deus quando ele respondeu:

- Dezessete!

Retruquei, sem esconder o sorriso orgulhoso, quase cínico:

- Não, eu tenho doze. Dá pra acreditar?

E a Aline era - meus respeitos a dona Júlia, seu Flávio, ao seu irmão Pedro Henrique e ao Marquito, que é meu camarada e atual namorado dela - uma gostosa. Fazia o estilo "Sou boazuda e sei disso". De parar o trânsito e causar acidentes graves. Só tinha um defeito. Era botafoguense e apaixonada pelo Túlio Maravilha. O namoro vingou quase um ano até o primo de uma vizinha - que era os cornos do Túlio - pintar na área durante as férias do fim do ano e botar sal na minha batida de limão. Perdi. Mas a Aline ganhou as duas eleições daquele ano de 95 enquanto era minha namorada. Eu, aos treze, virava uma lenda.

Larguei mão de ser besta e decidi que ia galinhar na oitava série. Dito e feito. O Baile de domingo do Mello Tênis Clube não foi mais o mesmo. E foi mais fácil do que eu achei que seria. Ficou até chato. Chegou ao ponto de, certa vez, eu ter que sair mais cedo de uma festa na casa do Adílio, que morava na Meriti, quase em frente à 27 DP, por que eu fiquei com uma garota e uma outra - que foi, digamos, preterida - encheu a caveira de cerveja e ameaçou armar um barraco.

Depois dessa fase eu daria um bom tempo quieto e fiquei no zero a zero durante todo o primeiro ano do ensino médio. Meus novos amigos estavam convictos de que eu era viado, convicção que se desfez quando no ano seguinte eu passei a namorar uma menina da minha turma.

Mas o episódio mais marcante daquela oitava série ocorreu depois da festa junina do colégio. A quadrilha foi feita ao avesso, os garotos de mulher e as garotas de homens. O Fernando Stróligo, hoje um respeitável oficial da Aeronautica, ficou pateticamente cômico vestido de noiva, porém não menos que eu, um troglodita, usando um vestido da irmã do Adalberto - o único que coube em mim. Mais esdrúxulo que isso foi a professora de inglês, a Rosemeri, passando batom nos garotos. Histórico.

Quase no final da festa, ainda vestido de mulher, eu estava sentado na arquibancada de frente pra quadra comendo um cachorro-quente quando vi chegar bem perto de mim uma garota - não me lembro do nome de jeito nenhum e ainda que lembrasse, não diria - me devorando com os olhos. Ela não era, nem de longe, daquelas que faziam o meu feitio mas, já senhora de seus dezesseis anos, parecia disposta a me oferecer muito mais do que as meninas de 14 anos, pra ela, umas pirralhas.

Armei o peitoral, arregaçei as mangas imaginárias da camisa - eu sempre fazia isso mas estava de vestido! - e cego pelo esteriótipo negativo da menina, mandei com cara de poucos amigos:

- E aí, tranquilo?

Senhora de si e sem perder a pose de mulher feita ela me disse:

- Vim saber qual é a parada.
- Que parada? - perguntei com cara de indignado.
- A parada. Eu tu e nós dois? - ela respondeu direta como um raio, sem se abalar.

Achei a tirada péssima. De quinta categoria. Mas tive de reconhecer que era ousada e corajosa. Procurei dar linha pro papo pra ver até onde ia.

- Como é que é essa parada, eu, tu e nós dois? Me dá uma idéia...
- A parada é do jeito que você quiser - ela disse com o sorriso leviano no canto da boca.

Fiquei empolgado e tenso. Arrisquei uma sacanagem pesada achando que podia me livrar daquela situação mas sentindo que podia evoluir pra um caminho sem volta. Disse:

- Olha, eu "tô" com um pouco de pressa e dizem que apressado come cu - enfatizei o trocadilho pronunciando-o nitidamente.

Embora tenha soado horripilante, o trocadilho foi respondido assim:

- Tudo bem. Eu também não tenho tempo a perder.

E antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, ela deu de costas, fez que ia sair e voltou-se novamente pra mim. Fitou o meu cachorro-quente e, com um risinho safado entre os dentes, fez o seu trocadilho:

- Quer que te chupe?

Chegei em casa mais tarde do que esperava. Mais detalhes não contarei jamais! Ah, se a santinha da rua Aiera falasse o que viu por ali naquela noite...

sábado, março 15, 2008

EU E A PATROA, CARICATOS

Foi num carnaval há cinco anos que eu descobri algumas das maravilhas de Ilha Grande, em Angra dos Reis/RJ com a mulher que me fez conhecer o amor verdadeiro aos dezoito anos de idade. Desde então, muito do que fizemos, curtimos e passamos juntos foi registrado em filmes e fotografias que guardamos com um imenso carinho.

No entanto, apesar das diversas fotos tiradas na Ilha, retratos fiéis da sua grandiosa beleza e dos dias gloriosos que passamos por lá, o registro que lá fizemos e que é uma das marcas mais carismáticas dessa união é essa caricatura feita em primeiro de março de 2003.

Senhoras e senhores, com vocês:
Professor Diego Moreira e sua digníssima senhora, Lucimar Campos!

Um abraço!

quarta-feira, março 05, 2008

DA SÉRIE SUBVERSIVA - PAUSA

O projeto de subverter a ordem em Ipanema foi interrompido esta semana não por falta de espaços com jeitão de subúrbio no bairro, mas pela falta do meu celular, com o qual registro o que encontro em fotos. Ilustrada, a postagem fica mais real e mais bacana. Semana que vem eu retomo o projeto. Enquanto isso, vamos levando outros papos.

Inté!

sábado, março 01, 2008

O SUBÚRBIO É MEU ESTEIO

O Rio de Janeiro é uma cidade inigualável em sua natureza, sua história e seu povo. A natureza, por ser de dobrar os joelhos de qualquer ser humano que, diante de visão tão arrebatadora, deve render-se e agradecer ao que julgar mais conveniente, simplesmente pela oportunidade de estar vivo para contemplar tamanha beleza. Sua história, por razões inumeráveis mas, dentre elas, o fato de a cidade ter sido a única capital colonial a tornar-se a sede do poder imperial, prova irrefutável de que seu axé é dos bons. E seu povo, por tornar-se o ator fundamental da construção de sua história e da produção de seu espaço geográfico, ainda que tenha sido segregado e compelido a abraçar e reinventar os espaços relegados, porém de rudimentar beleza.

Isso porque, tradicionalmente, é aos grupos socialmente mais representativos que pertence a primazia de orientar a produção do espaço das cidades em geral, cabendo ao povo apenas o papel segui-los enquanto massa, enquanto excluídos do poder de decisão. E no Rio de Janeiro, o que se viu nos últimos anos do século XIX foi a multiplicação das massas, sabendo-se que entre 1872 e 1890 a população passou de 274.000 para 522.000 habitantes, aproximadamente. E o perímetro urbanizado era demarcado pelos morros do Castelo, São Bento, Conceição e Santo Antônio, área que corresponde, hoje, ao centro antigo da cidade.

Não cabia todo mundo naquele espaço e naquelas condições. E se haveria de sair alguém dali, esse alguém seria o povo e não a classe hegemônica que jamais abandonaria a proximidade com o comércio e os serviços concentrados naquele espaço entre os quatro morros. Os ricos expulsariam os pobres. Então, afim de eliminar a fama internacional de porto sujo, que contrastava com o estilo europeu da recém reformada Buenos Aires, a rival, os homens que conduziram a produção do espaço carioca imprimiram uma política de afrancesamento arquitetônico na cidade e iniciaram uma campanha higienista, no aspecto da saúde pública e no aspecto social, por assim dizer.

No aspecto da saúde pública, a campanha foi orientada para produzir o saneamento básico da área central e o incentivo à vacinação em massa, fato que acabou por gerar a famosa revolta da vacina, protagonizada pelo sanitarista que fundou a instituição que a vida quis que fosse meu berço. No aspecto social, o higienismo teve sua representação nas várias reformas urbanas baseadas no desmonte de cortiços e demolição de morros, ambos habitados por pobres e pretos-forros, a pretexto da criação de aterros e alargamento de ruas e avenidas, o que culminou na expansão dos subúrbios e, paralelamente, na favelização da área central e do próprio subúrbio, posteriormente.

E para ocupar o Subúrbio, o trem foi de vital importância enquanto sistema de transporte das massas. As Estradas de Ferro Central do Brasil (aberta em 1854) e Leopoldina (aberta em 1886) foram as principais linhas de conexão da área peri-urbana com o Centro. De tão importantes, foram adotadas como critério para regionalizar o Subúrbio. As massas iam e vinham diariamente, em movimentos pendulares, do Subúrbio da Central - Méier, Piedade, Cascadura, Madureira, Realengo, Campo Grande, Santa Cruz etc. - e do Subúrbio da Leopoldina - Bonsucesso, Ramos, Olaria, Penha, Cordovil, Parada de Lucas etc. - de casa para o trabalho. Do trabalho para casa.

É, pois, no Subúrbio, onde nasci e me criei, que está o povo carioca em sua história e essência. É neste chão, o Sertão Carioca, que ainda vivem os mitos trazidos pelos chegados a essa cidade misteriosa e elegante onde ainda, como diria o mestre Câmara Cascudo, "corre o Lobisomem, relincha a mula-sem-cabeça, assobia o Saci Pererê, surge a Caipora, fulgura o Boitatá". Muito além do crucificado de pedra sobre a pedra monumental, o Rio de Janeiro é também fiel às suas macumbas, aos caciques de seus arrebaldes e às suas sedutoras sereias. É, ainda, terra do Canhambora, o escravo fujão e rebelde, que une-se ao "séquito de Sacis e dos Caaporas, majestades bárbaras e sujestivas do sertão bravio e das matas sonoras".

É nessa vida autônoma e autêntica, de tradições e hábitos diversos, de festas populares mestiças, entrudos, bruxedos, rezas fortes e procissões, de batuques e danças que embalam o espírito vivo da cidade imensa, que eu encontro meu berço esplêndido, onde quero um dia deitar eternamente porque é aqui onde encontro o meu esteio.