sábado, janeiro 27, 2007

CICLONES, FURACÕES, TUFÕES...

Certo dia de 2005, estava eu, em plena atividade profissional, quando dois alunos, um rapaz e uma mocinha, aproveitando o intervalo entre as aulas, aproximaram-se de mim. Estavam com um ar... uma expressão esquisita, séria... Pareciam dois mafiosos planejando friamente a minha morte.

Tremi. Eles chegaram bem perto. E, falando sem sorrisos e com profunda expectativa na face, o rapaz tomou a iniciativa de falar. Tocando levemente no meu braço, ele olhou fundo nos meus olhos e perguntou, ou melhor, disse:

"Professor, nós precisamos – e esse 'precisamos' denotava uma necessidade infinita – saber como se formam os furacões. O senhor pode explicar?"

Confesso que fiquei aliviado. Mas a tensão que passei não me permitiu reunir naquele momento os argumentos necessários para explicar toda a questão que envolve estas catástrofes atmosféricas, os ciclones, furacões e tufões. E eu gosto das explicações completinhas, minuciosas.

A pergunta deles foi movida pelo fenômeno do Katrina, que destruiu a cidade de Nova Orelans. No ano passado, li essa reportagem sobre um ciclone (Mônica – quase sempre eles têm nome de mulher) que atingiu a Austrália, muito mais forte que o Katrina, porém provocou uma destruição muito menor. Quase não foi noticiado.

"Superciclone castiga a Austrália".

Um ciclone tropical com ventos de 350 quilômetros por hora arrasou ontem (24/04/2006) a costa nordeste da Austrália. Mônica só não causou grandes prejuízos porque a região é pouco povoada. No entanto, causou surpresa entre especialistas devido à sua força extrema. O ciclone Mônica pode ser a mais violenta tempestade tropical registrada em qualquer oceano.

O Olho do furacão – considerado um dos mais perfeitos já observados por satélite – tocou o solo numa região coberta por pântanos e florestas, o que evitou conseqüências mais graves. Segundo meteorologistas do site StormTrack, pode ser a mais intensa tempestade tropical de que se tem registro, caso sejam confirmados os dados obtidos por satélite. Com uma pressão de 868,5 milibares, Mônica chegou a ser mais forte do que qualquer furacão do Atlântico ou tufão do Pacífico. Até agora a pressão mais baixa já registrada (quanto menor a pressão, maior a força da tempestade) era a medida no olho do tufão Tip, com 870 milibares.

Acessado em 25/04/2006.


Daí, senhores e senhoras, venho trazer aqui as respostas para algumas perguntas comuns quando se trata deste assunto. Podemos achar que é tudo igual – ciclone, furacão, tufões, mas não são. Eis as questões:

O que são Ciclones?

Ciclones são grandes massas de ar e vapor d’água que giram ao redor de uma área de baixa pressão atmosférica e sobre o oceano. Ciclones tropicais atuam em áreas de latitudes mais baixas, isto é, nos trópicos. Ciclones extratropicais atuam em latitudes mais altas.

Qual a diferença entre Ciclones, Furacões e Tufões?

Furacões e Tufões são Ciclones! Sendo que estes se locomovem numa velocidade superior a 100 quilômetros por hora. A diferença entre Furacões e Tufões é geográfica. Os ciclones que nascem no Oceano Atlântico são chamados de Furacões e os ciclones que nascem no Índico ou no Pacífico são chamados de Tufões.

Como se formam os Ciclones?

O surgimento mais comum de um ciclone é associado à presença de grande volume de ar seco que se desloca sobre o oceano tropical. Os exemplos clássicos são os furacões que atingem o Golfo do México, as ilhas da América Central e a costa dos Estados Unidos, como o Katrina.
O ar seco proveniente do Deserto do Saara é transportado pelos ventos alísios e durante o trajeto o ar seco absorve grande quantidade de água do mar que se evapora. O ar quente é mais leve e sobe junto com o vapor d’água. Quando se condensa (se liquefaz), o vapor libera calor e aquece o ar novamente, que sobe e torna os ventos quentes instáveis. Se a diferença entre a temperatura da superfície do oceano (quente) e das altas camadas atmosféricas (fria) for muito grande, a massa de ar ganha volume cada vez maior e adquire a forma de vórtice atmosférico, conhecida como furacão. O “olho” do ciclone fica na região central do fenômeno, possui poucos ventos, é quente, seco e de baixíssima pressão atmosférica (Lembrete: ventos sopram de alta pressão para baixa pressão). É no olho que a água evapora e aumenta o tamanho do ciclone, podendo o olho medir de oito quilômetros até duzentos quilômetros, o que torna fácil identifica-lo em imagens de satélites.

Qual é a escala utilizada para classificar os ciclones?

É a escala Saffir-Simpson, que varia de F1 a F5.

· F1 – Ventos entre 118 e 152 Km/h.
· F2 – Ventos entre 153 e 178 Km/h.
· F3 – Ventos de até 209 Km/h.
· F4 – Ventos de até 250 Km/h.
· F5 – Ventos superiores a 250 Km/h.

É isso aí, queridos.

Um abraço solidário!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

GEOGRAFIAS SUBURBANAS

Caríssimos,

Hoje eu tô na área pra justificar a troca do nome do blog. Faz tempo eu estava incomodado com o nome DiegoMoreiraGeo, que me parecia fruto de uma tremenda falta de criatividade da minha parte. Este é, inclusive, o nome que uso lá no orkut. E, vejamos que esta bosta serve pra alguma coisa.

Faz pouco tempo, acessei meus recados e encontro a seguinte mensagem enviada pelo Simas:

"Fala, garoto...linkei seu blog lá no Histórias. Agora, posso dar uma sugestão? Muda o nome. Bota alguma coisa mais literária. Diego Moreira Geo tá muito técnico. Homenageia o subúrbio, cacete. Abração!!"

Julguei estar, o Simas, coberto por espesso manto de racionalidade. Ele estava certo!
Respondi:

"Simão, você tem uma sensibilidade forte!
Confesso que estava incomodado com o nome do Blog.
Quero mudar mas ainda não pensei em nada...
Se tiveres uma sugestão em homenagem ao subúrbio, aceito e te nomeio padrinho do blog!
Abração!!"

Em breve tempo recebi a mensagem com o retorno esperado. Sente só a categoria:

"sugestões:
* Geografias do Subúrbio
* Antes da Saideira
* bem perto de Madureira
*Geografia da Curimba
* sambas de Irajá
* O Amigo do seu Zé... "

Cheguei a enviar uma mensagem dizendo que tinha simpatizado muito com o nome "Antes da Saideira". Mas hoje, enviei esta mensagem pedindo aprovação ao nome Geografias Suburbanas:

"Pensei em transformar sua sugestão "Geografias do Subúrbio" em Geografias Suburbanas. Aprovas?
Abraço!"

Rápido como a flecha de Oxossi e Brilhante como a Espada de Ogun ele me respondeu”:

"Beleza!"

Taí, então, queridos. De hoje em diante nosso papo de esquina será em volta das Geografias Suburbanas. Valeu, Simão. O padrinho do Blog!!

Um Abraço Solidário!

segunda-feira, janeiro 22, 2007

VALEU, TIÃO!

Este vinte de janeiro de 2007 ficará marcado na minha memória pra sempre. Eis a razões:

Duas da tarde. Entro na Folha Seca e sou cumprimentado pelo Rodrigo Ferrari, o Digão da Folha Seca. Dou um abraço forte no Prata Querubim que não via desde o seu aniversário, ali mesmo, num samba histórico naquela esquina. Mal cheguei e, no cantinho do balcão, vejo uma figura, cerveja na mão, trajando algo que lembra uma bata africana em tons vermelho e preto, as cores do meu flamengo. Penso: será que é ele?

Minhas suspeitas ficaram mais fortes quando o Simas, acompanhado da Candinha, entrou empurrando a porta de vidro e o sujeito, que eu discretamente observava, disse a um amigo ao lado:

- Olha ele aí...

Concluí que tinha ficado mais fácil acertar. Mas não queria arriscar ir falar com o cara e, sem querer, dar com os burros n’água. Resolvi ficar no meu canto, sorvendo extasiado, aquela atmosfera inebriante da livraria.

Já do lado de fora vi chegar o Grande, Glorioso, Gigantesco, Monstruoso e Inenarrável Cláudio Falcão – meu mestre na profissão e personagem fundamental desta história – acompanhado da Ana Paula. O Cláudio trazia uma imagem de São Sebastião que deu de presente ao Digão pra que fosse posta no centro da mesa onde tocariam e cantariam os sambistas.

Logo depois pintou o amigo Alan, com quem passei boa parte do tempo trocando idéias sobre as matrizes religiosas afro-brasileiras, dentro da Folha Seca, que é muito rica em livros sobre o tema.

Simão passa do meu lado dizendo com expectativa nítida na face:

- Já vamos começar os trabalhos!

Pelo olhar dele, não entendi se ele dizia isso pra mim ou pra ele mesmo.

E começou o samba. Simas no cavaquinho, o Prata nas suas mágicas sete cordas, Alberto Mussa, que só vi quando já estava brincando de tamborim... E assim foi esquentando.

Claudão parou do meu lado. Resolvi não perder mais tempo e disse:

- Sabe que, faz tempo eu leio o “buteco do Edu”, e até hoje eu não conheço o cara?...
- Deixa que eu te apresento – ele me respondeu com tranqüilidade.

O Simas já tinha me prometido fazer tal apresentação num almoço no Rio-Brasília. Estávamos no Samba do Trabalhador quando acertamos que combinaríamos o dia. Não foi preciso. Eu estava lá, no samba de aniversário da Folha Seca e sabia que o Edu também estava. Só não sabia quem era, apesar da quase certeza que tive naquela cena dentro da livraria.

Aí vem o Claudão e me manda a seguinte letra... Vê se isso não é coisa de irmão:

- Faz o seguinte. Compra o livro do cara, aproveita o desconto que o Digão está dando pelo aniversário da livraria, que eu te apresento o Edu e tu ainda leva um autógrafo de quebra!
- Claro! Claro! – respondi, sem perda de tempo.

Aí ele completa:

- Se não tiver aí o "numerário", deixa que eu passo no meu cartão... – é ou não é coisa de irmão?
- Ta tranqüilo. Tô prevenido... – respondi.

Entrei na livraria, peguei o livro, que estava caprichosamente destacado numa mesa à esquerda da entrada e fui até o balcão onde fechei o negócio com o Digão. Com ele, peguei uma caneta emprestada para o autógrafo. E fui até o Cláudio que já caminhava em direção ao Edu, parado em frente ao bar do Mestre Santos.
Tapinha no ombro, Edu vira e Cláudio faz as apresentações.
Aperto forte de mão, e digo:

- Prazer, Diego Moreira.
- Ah, eu conheço ele da internet... ele também escreve... – Edu responde com cordialidade.
- Ele comprou o seu livro e queria um autógrafo... – diz o Cláudio.
- Ah, que beleza! Que beleza! Perai... só preciso de uma caneta.
- Eu tenho – disse.

Edu então entrou e, apoiado no, nada imaginário, balcão do bar do Santos, escreveu a dedicatória que transcrevo na íntegra.

- Pro Diego, com um abraço do tamanho da Tijuca, torcendo pra que você se sinta em casa!

Voltou do balcão com um sorriso no rosto. Eu, recebendo o livro, disse:

- Falei com o Simas e ficamos de marcar um almoço no Rio-Brasília. Vamos?
- Vamos! Você já foi lá, né? Eu li o que você escreveu no blog do Simas...
- Fui sim! Então, vamos marcar!
- Vamos. Depois me diz se gostou do livro, hein.
- Com certeza!

E nos despedimos.

Com um abraço no Cláudio e no Alan, fui embora cumprir minhas obrigações no dia de Oxóssi, deixando naquela esquina um pedaço do meu peito batendo na cadência do samba.

Assim que me vi livre e à vontade para o lazer, corri pra ler o livro que tinha comprado. Em pouco tempo me percebi refém de uma leitura deliciosa e envolvente. Acomodado no sofá da casa da minha mãe, onde costumo ficar depois das giras de sábado, fiquei muito tempo atraído irresistivelmente pelas histórias e personagens fascinantes de "Meu lar é o Botequim!". Ri tanto, mas tanto, de certas passagens, que cheguei a assustar minha mãe, que me olhava como quem nunca tinha me visto em tal estado de riso.

Fiquei completamente dominado pelo ambiente estético da obra. Via-me dentro do botequim em Vila Isabel. Se alguém acordasse – todos foram dormir e eu continuava lendo - e me dissesse - vai dormir senão vai acabar virando a noite!, provavelmente eu responderia: Foda-se a freira! – Não entendeu nada? Leia o livro do Edu.

À meia noite, na hora grande, meu avô levanta pra uma de suas urinadas sagradas no meio da noite – ele toma uns remédios de pressão que são diuréticos – me vê sentado no sofá e pergunta:

- Tá lendo a Bíblia?

Mal sabe ele o sentido profundo das palavras que ele acabara de proferir.

Sem titubear, respondi:

- É...

Fechei o livro e fiquei meditando sobre o que o meu avô – não sabia que ele era tão sensitivo – havia acabado de dizer.

Pra quem é carioca e aprecia o estilo de vida do "Ser Carioca", o livro do Edu é obrigatório. Uma bússola, a guiar garotos novos como eu e malandros da antiga como Aldir Blanc, sempre em direção à Zona Norte. Uma obra maravilhosa!

"Meu lar é o Botequim!" Histórias, palpites e feitiço sem fim, fala por si próprio.

Só me resta agradecer ao padroeiro por este dia incrível!

Valeu, Tião! Okê Arô!

segunda-feira, janeiro 15, 2007

DIAMANTE DE SANGUE

Domingo é um dia que dedico à família. Neste último, após o almoço, em família, é claro, eu e a "patroa", também conhecida pelas alcunhas de "digníssima", "senhora", ou a mais recente, "sub-gerência", fomos ao cinema ver o filme que deu título a este texto. Mantendo fidelidade litúrgica aos propósitos deste blog, venho tecer alguns comentários acerca da temática tratada por tal obra cinematográfica. Não é uma crítica especializada. Som, imagem, fotografia, direção e outros princípios da sétima arte não fazem parte das minhas preocupações. Quero passar minhas impressões sobre as idéias trabalhadas pelo filme.

O contexto é: Serra Leoa, continente africano. O país com o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo. O ano é 1999 e o país está em guerra. A Frente Unida Revolucionária (FUR), constituída por guerrilheiros locais, pretende assumir o controle do território, dos recursos naturais e dissemina violência por todo o país. As tropas do governo também atuam violentamente, pois pretendem garantir para si o controle dos recursos naturais, especialmente o diamante, produto de alto valor comercial. E o número de mortos, feridos, mutilados e refugiados por conta do conflito é imensurável.

Eis, então, alguns apontamentos ordenados de acordo com a intensidade das impressões que me causaram.

O filme não apresenta uma visão preconceituosa na abordagem das questões. Ao contrário do que fez "O Jardineiro Fiel", que também trabalha problemas ligados ao continente africano, "Diamante de Sangue" não é uma clara visão européia ou norte-americana sobre o conflito.

Fica nítido que o objetivo da FUR consiste na ruptura dos laços deixados pela herança colonial que conectam as elites, detentoras do poder político local aos interesses de conglomerados empresariais europeus que sustentam os mecanismos de exploração das riquezas de Serra Leoa. Para atingir tal finalidade, o uso da violência é extremo.

O processo de exportação de diamantes contrabandeados sofre uma necropsia minuciosa. Serra Leoa, por ser zona de conflito, não podia exportar diamantes. Os contrabandistas, então, conduziam, utilizando táticas extremamente criativas, os diamantes para países vizinhos como a Libéria. Daí em diante, através da corrupção de alguns funcionários públicos, é claro, as preciosas pedras seguiam para os mercados internacionais com origem registrada em países que estão fora de zonas de conflito, portanto, aceitas abertamente pela comunidade internacional.

O contrabando de armas também não passa em branco. A figura dos Senhores da Guerra está presente no filme. Estes são homens que tiram o seu sustento da guerra, vendendo armas para os grupos envolvidos nos conflitos. Não possuem preferências políticas na escolha da clientela. O comprador pode ser o governo ou os rebelados. Tanto faz. Importa é que paguem bem. Num continente onde, dos 53 países, pelo menos dez estão envolvidos em algum tipo de guerra, mercado não falta para eles.

A maior parte das milícias rebeldes africanas, inclusive as de Serra Leoa, promove o recrutamento de crianças para atuação direta nos ataques armados. Garotos de dez a quinze anos são obrigados a praticar atrocidades para salvar as próprias vidas e, os que sobrevivem, acabam doutrinados e participando dos ideais das milícias. Está aí mais uma execrável situação retratada.

A ação dos Organismos Internacionais também é criticada. Homens trajando ternos milionários, reúnem-se em salas de convenção milionárias e assinam, com suas canetas igualmente milionárias, acordos diplomáticos que não promovem a resolução de problema algum. Não impedem o contrabando, não impedem a continuidade do conflito e não impedem a destruição de milhares de famílias forçadas a abandonar suas casas e viver, se sobreviverem, aglomerados aos milhões em campos de refugiados de paises próximos.

E aquilo que, pra mim, era indispensável, é mencionado em vários momentos durante o filme. A relação direta existente entre a guerra e o consumo de diamantes pela população de alto poder aquisitivo dos países centrais. A fascinação provocada pelas pedras conduz os consumidores a não refletirem sobre a origem dos diamantes. Que dirá pensar em quanta tragédia pode estar por trás da jóia rara desejada. Neste campo, a alusão ao mercado consumidor americano é direta e dura.

Bem provável é que receba indicações pra Hollywood, pois o filme é bem feito. Bem provável é, também, que não vença devido às críticas fortes que traz. Afinal, aquele povo de Hollywood gosta muito de um diamante bem lapidado e parece não se importar com a procedência das centenas de quilates que carregam em seus adornos.

Um abraço solidário!

quarta-feira, janeiro 10, 2007

CRIME SÓCIO-AMBIENTAL EM LOPES MENDES.

Meus caros,

Visitando uma das comunidades do Orkut, evento raro pra mim, deparei com um tópico sobre a incrível e maravilhosa Praia de Lopes Mendes, em Ilha Grande, Angra dos Reis/RJ. Quem já esteve lá, com certeza, guarda lembranças inesquecíveis. Eis o que foi colocado no tópico inicial:

Título: LOPES MENDES! IMPORTANTE!!!

"Galera, estive em Lopes dia 10 deste mês e fiquei muito triste em ver q já se encontram por lá 3 propriedades privadas ( em 2 vi placas da Imobiliária ). Pesquisando na Internet achei esse site, onde estão recolhendo "assinaturas on line" numa carta a ser enviada ao presidente. ASSINE AQUI!!

Seria interessante q quem tivesse mais informações a respeito postasse aqui!
Ajudem a divulgar!!!!
Beijocas!!!"

Este link, que visitei, pois o tópico continha várias mensagens de pessoas que assinaram, leva à petição que exige a desapropriação de qualquer propriedade privada naquele sítio e o retorno da praia à área do Parque da Ilha Grande e ao patrimônio público.

Como geógrafo consciente de minhas responsabilidades no campo do meio ambiente e do combate à segregação sócio-espacial, venho aqui divulgar este link pra que vocês visitem e deixem suas assinaturas.

Acreditem. Acabei de fazer isso e fui o assinante de número 266. É isso mesmo!! Só 266 pessoas até agora assinaram tal petição que será enviada ao Presidente Lula. É muito simples. Só escrever nome e e-mail. Número de identidade é opcional.

Conto com o apoio de todos os que passarem por aqui!!

Abraços Indignados, mas esperançosos!

terça-feira, janeiro 09, 2007

SOBRE O "RAIO" DO MP3 PLAYER

Do alto dos meus 118 quilos de massa corpórea, alcançados sem muito esforço, e depois de mais de três surtos de pressão alta, o que me transforma em um hipertenso, e isso aos 24 anos, olhei pros meus cornos no espelho e disse:

- "É, rapaz... se continuar assim, tu não passa dos trinta".

Soou como uma verdade gloriosa.

Então, munido de profunda expectativa para a reversão deste quadro, tomei uma decisão tácita.

- "Vou comprar um MP3 player".

Explico-me. Diz a sabedoria milenar que uma das formas mais eficazes de combate ao sobrepeso (isso foi extremamente eufemista, no meu caso...) é a pratica regular de exercícios físicos. A mais jovem das tias de minha senhora é casada com um filho de japonês, o queridíssimo Dr. Augusto Tiaque Abe. O pai do Dr. Augusto (tio Augusto ou Gustinho, como é de preferência de muitos), o Sr. Pedro Yoshio Abe, é japonês, nascido no dia 19 de Janeiro de 1907, portanto, em breve, completará 100 anos de idade, e descende de uma linhagem de samurais que lutaram contra o fim do Xogunato Tokugawa, exatamente o momento em que tem início a Era Meiji. O nome, "Pedro", foi adotado quando chegou ao Brasil fugindo da segunda guerra.

- Mas, e daí? - pergunta-se você, leitor raríssimo deste blog.

Daí que é de espantar a longevidade do velhinho, e o que ele fez pra chegar até aqui é indissociável dos meus veneráveis propósitos. Chá Verde após o almoço, um cálice diário de vinho, entre outros hábitos, sempre fizeram parte da vida secular de seu Yoshio. E, com plácida certeza, ele jamais se furtou aos exercícios físicos regulares pela manhã.

Daí que execro a possibilidade de passar uma hora - veja bem, são sessenta minutos, três mil e seiscentos segundos!!!! - sem interrupção me exercitando sem qualquer distração que me conforte a alma, enquanto relego o corpo ao sofrimento brutal.

Então, com o intuito de tentar transformar minhas longas caminhadas em algo prazeroso, deliberei adquirir o "raio" do mp3. Esperei a queima de estoque pós-ano novo (e esta porcaria foi um dos presentes mais dados neste Natal - olha o "Bom Velhinho" aí gente!) pra não gastar muito dinheiro e depois me arrepender. Descobri que o troço serve pra outras coisas além de tocar música. Algumas gratas surpresas, outras, nem tanto.

O bom é que já enchi o aparelho de samba. Boi-com-abóbora não entra! Acho até que dá pra sorrir, caminhando... Acho?

É. Eu ainda não testei. Não sei se vai funcionar. Só vou saber na primeira caminhada do ano!

Um Abraço Solidário.

domingo, janeiro 07, 2007

SOBRE O FESTEJO DE ANO NOVO

Passadas as festas de fim de ano, deliberei retornar, com a aspiração de grafar aqui algumas reflexões originadas no evento da virada. Nada sobre os fogos de Copacabana, sobre a novidade dos shows na praia de Ipanema (e eu acho que Vinícius e Tom devem estar invocadíssimos lá em cima, mas de Whisky na mão, pois são festeiros) nem sobre a festa na praia da Barra, "A Barra dos Orixás", já que eu não entendi até agora o que, realmente, significou aquilo.

O que vim dizer é que, de certa forma, estamos quase sozinhos nesta data. A maioria dos povos do planeta não celebra o Reveillon no dia 31 de Dezembro. Pensando na humanidade como um todo, vemos que apenas 35% da população mundial (aproximadamente) comemoram esta data. Algo próximo de dois bilhões, dos mais de seis bilhões que povoam heterogeneamente o orbe. Chineses, Hindus, Islâmicos e Judeus, estão entre os grupos que contabilizam a passagem dos anos em momentos diferentes do nosso.

Estes povos que citei utilizam calendários lunissolares, ou seja, os meses e os anos são baseados no movimento lunar e, eventualmente, cada povo, à sua maneira, faz ajustes para que não se perca a sincronia com o movimento solar. Em geral, o ano é dividido em 12 meses que acompanham os ciclos lunares e o ano possui 354 dias, gerando uma diferença de 11,25 dias, aproximadamente, em relação ao calendário solar, com 365 dias e seis horas.

O calendário chinês é o mais antigo que se tem registro e o ano novo não possui um marco inicial, começando sempre em uma lua nova entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro. Tal calendário se repete em um ciclo menor de doze anos e um ciclo maior de sessenta anos e o ajuste ao calendário solar é feito a cada oito anos, quando se acrescentam noventa dias ao calendário. Se for botar no papel você vai ver que só com a rapaziada da china, vão lá quase 1,4 bilhão de pessoas, pouco menos que o total dos que comemoram no dia 31 de dezembro. O reveillon deles será do dia 17 para 18 de fevereiro neste ano.

Para os hindus, e eles, espalhados pelo mundo, também não são poucos, o ano novo coincide com o Festival das Luzes que é chamado de "diwali" ou "deepavali", festa devotada à vitória do rei Rama, uma das principais entidades do hinduismo, contra o monstro Ravana. O Ano Novo hindu representa inovação, vida nova. Os anos são contabilizados a partir da data da morte de Krishina, ocorrida à meia noite entre os dias 17 e 18 de fevereiro do ano de 3102 a.C do calendário Gregoriano. Portanto eles estão no ano de 5233 d.K, conforme a tradição. Seu calendário que também possui 354 dias é corrigido através da introdução de um mês lunar a cada trinta meses. Este ano, a festa da virada será realizada no dia 12 de Novembro.

O calendário Islâmico tem sua contagem iniciada a partir da hégira (fuga) de Maomé, de Meca para a Medina, ocorrida no dia 16 de julho de 622 do calendário gregoriano. O reveillon muçulmano acontecerá no próximo dia 20 de janeiro (do nosso 2007), quando eles, que já são quase 1,3 bilhão, e crescendo, festejarão a chegada do dia 1º de Muharram (primeiro mês islâmico) do ano de 1428. O ajuste ao calendário solar é feito com a introdução de um mês em onze dos anos de um ciclo de trinta anos. Estes anos que recebem um mês a mais são chamados de abundantes.

O número de Judeus espalhados pelo mundo não se compara aos três grupos mencionados, mas acho interessante destacá-los pelo fato de estarem bastante inseridos na sociedade ocidental, que comemora a passagem em 31 de dezembro. No calendário judaico cada mês se inicia com a lua nova e o ano novo (Rosh Hashaná) é celebrado no mês de Tishrei, o sétimo do calendário. Estranho? A razão é que a Torá fez o mês de Nissan o primeiro do ano, para enfatizar a importância histórica da libertação do Egito, que aconteceu no décimo quinto dia daquele mês, e que assinalou o nascimento da nação judaica. Entretanto, de acordo com a tradição, o mundo foi criado em Tishrei, ou mais exatamente, Adão e Eva foram criados no primeiro dia de Tishrei, que foi o sexto dia da Criação, e é a partir deste mês que o ciclo anual se inicia. Por isso, Rosh Hashaná é celebrado nesta época. O próximo ocorrerá em 13 e 14 de setembro de 2007, quando os judeus darão as boas vindas ao ano de 5768, sendo que o Yom Kipur (dia do Perdão), o décimo dia do mês, será no dia 22 de setembro. No calendário judaico, o ajuste ao calendário solar é feito com a introdução de um mês (Adar II) ocasionalmente.

Muitos outros grupos, outras sociedades celebram um novo ano em momento diverso ao nosso. Conosco no dia 31, só aqueles que, mesmo tentando bravamente, não conseguiram resistir à violenta colonização cultural, nas Américas, na África, na Ásia e Oceania, ou os que não quiseram resistir ao que chamam de cultura da sociedade civilizada.

Um abraço solidário.