sexta-feira, novembro 27, 2009

DIÁLOGO

Cada vez mais importante: escutar mais e falar menos.


[Clique na imagem para ampliar]

segunda-feira, novembro 23, 2009

VIDAS QUE VÊM E QUE VÃO

Os dados que trago hoje me parecem interessantíssimos e relevantes. E quando eu digo que me parecem interessantissimos, não quero fazer crer através de sutileza alguma que eles possam parecer interessantíssimos para vocês também. Eles me parecem interessantes e só.

O fato é que hoje fui ao cartório, na oitava circunscrição do registro civil e tabelionato, que fica aqui na Tijuca, na Praça Saens Peña. Cheguei por volta das 16:30 e, quando entrei, o rapaz que me atenderia perguntou de imediato:

- Você vai registrar nascimento ou óbito?

- Nascimento - respondi. E ele devolveu:

- Graças a Deus!

Não resisti e perguntei:

- Porque isso? Muitos óbitos hoje?

- Mais de trinta! - e começou a contar na tela do computador. Confirmou o número para a colega do lado, que estava curiosa:

- Andreia, até agora foram 31.

E a moça devolveu;

- E os nascimentos? Chegaram a 20?

O rapaz danou de contar os nascimentos registrados até então. Enquanto eles se divertiam com esta situação cotidiana, eu aguardava para ser atendido. E o rapaz confirmou:

- Quinze! Com o dele - e apontou pra mim - são 16!

Teria razão para ficar incomodado com a perda de tempo provocada pela diversão dos atendentes do cartório mas eu não estava com pressa e sou professor de geografia, ou seja, lido frequentemente com taxas de natalidade e mortalidade, coisa que me interessa.

Na fila, antes de entrar para o meu atendimento, conversava com as pessoas e pude saber que entre elas havia mais um registro de nascimento e três de óbito para serem feitos. Saldo: 17 nascimentos e 34 óbitos.

É óbvio que essa não é a realidade brasileira. Nós não temos todos os dias um número de mortes 100% maior que o de nascimentos. Trata-se de uma realidade que marca um dia - que pareceu excepcional até para quem faz isso todos os dias - e que se apresenta em uma região da cidade - a Tijuca e seus arredores.

Para explicar a situação, muitos fatores podem ser verdadeiros, porém todos, para mim, hipotéticos. A Tijuca é um bairro com notável presença de idosos. E eles, naturalmente, estão mais propensos à morte. Especialmente em dias de calor como esses das últimas semanas. Creio, mesmo, que estes dois fatores associados formam a principal causa para o que vi hoje, em números.

Números que me fizeram, por instantes, refletir sobre a vida, sobre a finitude da existência, sobre a relevância do que fazemos, do que construímos, do que valorizamos, das nossas escolhas, dos nossos pequenos projetos, dos nossos grandes projetos, enfim: do que fazemos com o tempo que temos.

Tenho pequenos projetos, grandes projetos e uma prioridade absoluta para os próximos meses: a família. Por isso, o tempo que dedicarei a estar na internet escrevendo em meus blogs, comentando nos blogs dos amigos, participando ativamente das redes sociais e de informação será limitado.

Aqui no Geografias Suburbanas, estarei de vez em quando, falando qualquer coisa que me interesse. A porta continua aberta e vocês podem entrar. Só não façam muito barulho que tem criança dormindo.

Abraços e até!