domingo, março 21, 2010

OS PLAGIADORES: ESSA PRAGA

Não é novidade pra ninguém que frequenta os blogs que eu indico na coluna "Dessa água eu bebo", à direita, que veio à tona um dos casos mais escandalosos de plágio da internet de que se tem notícia. O plagiador, Roberto Chalita, copiou da forma mais descarada os textos de várias pessoas que integram nossa rede de blogueiros. Usou fotos que não eram suas como se fossem e se apropriou até mesmo do avô de um dos blogueiros. Entenda tudo o que aconteceu lendo isso aqui, no Buteco do Edu, um dos mais plagiados pelo sujeito.

Verifiquei os blogs do plagiador para saber se eu também tinha sido plagiado. Mas não encontrei nada. No entanto, há tempos que eu pesquiso textos meus na internet. Já encontrei vários mas sempre encontro a citação do meu nome enquanto autor e a citação do(s) meu(s) blog(s) enquanto fonte(s). Nunca me incomodou. Até gosto. Fico feliz quando alguém multiplica minhas ideias respeitando a autoria do texto.

Mas na noite da última sexta-feira (19/03/2010) notei que um texto meu ganhava popularidade acima da média pelo volume e o teor dos comentários recebidos. O texto foi publicado por mim no blog Geografia: Conceitos e Temas e o título é O Conceito de Lugar. Clique para ler o texto ou apenas mantenha esta janela aberta para que você possa comparar o conteúdo e certificar-se dos plágios descarados que encontrei...

É. Resolvi pesquisar possíveis replicações desse texto na internet. Para minha surpresa, encontrei meu texto copiado integralmente em dois blogs e um parágrafo transcrito, também integralmente, em um terceiro blog.

Vou mostrar pra vocês, para que vocês vejam com os próprios olhos e a coisa não fique restrita às minhas palavras.

Primeiro o plagiador de um parágrafo só.

Você pode ver o plágio no blog do plagiador clicando aqui. É possível que esse link não funcione caso o plagiador retire a postagem covardemente.

Para isso, fique com a imagem da tela capturada:



Notou que o terceiro parágrafo do meu texto foi copiado?

Bom. Eu resolvi deixar uma mensagem para o plagiador. Disse à ele o seguinte:

Fábio, ficaria muito satisfeito se você publicasse em seu blog que esse trecho que preenche esta postagem foi copiado integralmente do meu blog (http://conceitosetemas.blogspot.com/2008/10/o-conceito-de-lugar.html) e é de minha autoria.

Fui diplomático, vejam só. Embora tenha nojo dos plagiadores, tenho nojo também de quem vive de explorar essa gente. Só quero a citação do meu nome e do meu blog. É o mínimo que se espera de um professor e de qualquer pessoa que publique textos na internet ou fora dela.

Caso a postagem seja removida, minha mensagem desaparecerá. Então veja a imagem da tela capturada contendo a mensagem enviada.



Viram? Pois bem. Até agora o homem não se manifestou. Não sei se não viu a mensagem ou se viu e a ignorou solenemente. Mas vamos adiante.

Encontrei outro plagiador. Este copiou o texto integralmente mudando apenas o título. Você pode ver o plágio clicando aqui. Mas para o caso do texto também ser removido, deixo a imagem do plágio cara-de-pau capturada. Veja só:



Também consta na postagem meu comentário pedindo a citação do meu nome e da fonte.

Escrevi para ele o seguinte:

José Mário Corrêa, ficaria muito satisfeito se você indicasse nessa postagem de seu blog que esse texto foi copiado integralmente do meu blog (http://conceitosetemas.blogspot.com/2008/10/o-conceito-de-lugar.html) e é de minha autoria.

Para o caso dele ser apagado ou da própria postagem ser apagada - e nunca é demais ser precavido - também capturei a imagem da tela com meu comentário. Olha só:



Este plagiador até agora também não se manifestou. Vou aguardar um pouco mais para continuar insistindo na citação da autoria e da fonte.

Mas vamos ao terceiro caso. Encontrei o blog de um professor de Geografia, Eleano Alves, que também transcreveu na íntegra meu texto. O blog se chama Sala de Geografia. O plágio também foi registrado aqui, em duas imagens. Veja:





Mas que cara-de-pau, não é? Então. Voce deve estar se perguntando onde está o link para a postagem do plagiador. Pois é, caros leitores. O que não faz a falta de humildade e a covardia... Aguarde e você vai entender... Vejam a mensagem que enviei para o professor Eleano:



Ao ler a mensagem, o plagiador me respondeu por email assim:



E eu me perguntei: será que fonte escreve texto ou todo texto tem um autor?

Respondi fazendo questão da publicação do meu nome enquanto autor. Veja a imagem do meu email:



Depois disso, o plagiador retirou covardemente a postagem. Usou meu texto durante 40 dias como se fosse seu e não teve a humildade de citar o meu nome como autor.

Eu já encontrei vários textos meus por aí na internet, mas sempre com citação, o que me dá uma satisfação enorme. Dois exemplos surgem no blog Cravo e Canela, escrito pela leitora Gabriela. Ela já transcreveu dois textos meus na íntegra, mas sempre com as devidas citações. Voce pode ver isso aqui e aqui. Isso me deixa sempre muito feliz.

Outro exemplo foi dado pela leitora Fernanda Machado que pediu para citar meu texto - esse mesmo sobre o conceito de Lugar - em sua tese. Trocamos alguns emails e ela enviou a tese para aprovação na Espanha. Ela ainda não sabe se eles lá permitirão a citação de um texto retirado de um blog (a academia tem suas exigências) mas ela ficou de me dar um retorno sobre isso.

Estou certo de que vocês enxergam a diferença do comportamento dos plagiadores e dessas leitoras que acabei de citar.

Para mim, a maior lição que deve brotar desses casos de plágio - que ocorreram comigo, com meus camaradas e que certamente ocorre com muita gente por aí - é que nós temos a obrigação de não deixar isso impune. Para que a sociedade se dê conta de que a internet não é um ambiente absolutamente incontrolável. De que o plágio na internet pode ser descoberto e que as consequências podem ser ruins para os plagiadores.

Manterei vocês informados sobre a evolução desse troço.

Até.

segunda-feira, março 15, 2010

PAPO RÁPIDO SOBRE A EMENDA IBSEN PINHEIRO

Caríssimos, há muito - desde que vovó foi oló - eu não rabisco nada por aqui. Agradeço mais uma vez por todo o carinho das mensagens que recebi. Mas estou passando aqui para - rapidinho - dar um curto pitaco sobre essa sarrafascada que cresce no ventre da pátria e atende pelo nome de "Emenda Ibsen Pinheiro".

Não sou a favor do troço conforme está previsto. Acho que a medida revela uma burrice histórica. Sim, pois, tomando-se o Rio de Janeiro como exemplo - e não há dúvidas de que o estado e seus municípios mais ligados ao ouro negro serão os mais afetados do país -, haveria de se lembrar dos efeitos lancinantes e economicamente catastróficos da transferência abrupta da capital para Brasília.

Mas não sou, de todo, contra a distribuição dos recursos oriundos de atividades extrativistas. Um país tão profundamente marcado por desigualdades regionais como o Brasil tem a obrigação de pensar em mecanismos que sejam capazes de melhorar essa situação. E essa pode ser uma opção. Ou será que um projeto de Estado deve estar amarrado à sorte e à geologia das unidades federativas?

É. O modelo federativo não me cheira muito bem. As vezes penso que um Estado só se organiza como federação quando falta coragem para encarar o desafio de ser um Estado Unitário ou quando fala mais alto às unidades a conveniência de estar separado dos outros, para poder ditar suas próprias regras, e junto aos outros para filar as boas casquinhas que pululam aqui e acolá.

Então eu acho que esse troço tem que sair do papel porém com um planejamento honesto, coerente com os anseios da nação, e absolutamente independente da politicagem partidária. As receitas do petróleo deveriam ser distribuídas sim. Mas não dá pra fazer isso de uma vez. Todo o processo deveria levar pelo menos 10 anos. Ou 20 anos. Ou 30, mas até lá, se não surgir outro pré-sal, o petróleo já era.

A Alemanha nos dá bons exemplos. Bonn foi a capital escolhida quando da divisão do país. Após a reunificação, os alemães montaram um projeto de transferência da capital para Berlim que duraria 30 anos, ou seja, ainda está em curso. Várias embaixadas e estatais alemãs permaneceram na cidade a fim de evitar seu esvaziamento econômico e político repentino.

Outro exemplo alemão é o da integração da parte oriental. Sabe-se de longa data que o quadro econômico e social da parte oriental era lamentável em 1990. Para atenuar a forte desigualdade regional forjada pela reunificação, os alemães criaram uma "sobretaxa de solidariedade", ou seja, um imposto a ser pago pelos cidadãos do lado ocidental para melhorar o desenvolvimento do lado oriental. Uma medida que se mostrou eficaz e que minimizou vários problemas.

Os que não me conhecem, saibam que passo longe de defender uma germanização ou europeização do Brasil. Não. Mas essas medidas precipitadas, tomadas de ontem pra hoje, e sem planejamento que temos visto, só tendem a prejudicar a sociedade. Qualquer semelhança com o caso do ENEM 2009 é absolutamente intencional.

Até.