sábado, abril 23, 2011

EXPLOSÃO DA ADUTORA DA CEDAE EM THOMÁS COELHO

Tivemos a oportunidade de ver de perto o estrago causado pela explosão da adutora da CEDAE em Thomás Coelho. E o estrago é grande.

A explosão aconteceu na Rua João Ribeiro, entre as ruas Engenho da Mata e Pereira Pinto, em seu pequeno trecho que fica além da linha do trem. A via nasce na Antiga avenida Suburbana, na altura de Pilares, é dividida pela linha do trem na altura da estação de Thomás Coelho, e termina no encontro com a Avenida Pastor Martin Luther King Jr e a Estrada Adhemar Bebiano.

Local exato da explosão, na João Ribeiro, próximo ao CIEP Frederico Fellini.


Foi a 100 metros desse encontro de vias que ocorreu a explosão, na madrugada de hoje, 23 de abril de 2011, feriado na cidade pelo dia de São Jorge. Fizemos algumas fotos, que compartilhamos aqui com vocês.


Uma área ainda alagada pelas águas do vazamento de 5 mil litros por segundo.




Operários trabalham na área onde a tubulação explodiu.



Trabalhadores preparam a tubulação que vai substituir a que foi danificada.

quinta-feira, abril 21, 2011

HISTÓRIA DAS RUAS SUBURBANAS: ESTRADA ADHEMAR BEBIANO

A escolha da antiga Estrada Velha da Pavuna para a primeira postagem sobre os nomes das ruas do subúrbio explica-se simplesmente: foi nela que vivi por 22 anos antes de mudar-me para a Tijuca; e é nela que vivo agora, novamente.

A estrada nasce no cruzamento com a Avenida Suburbana (atual Dom Hélder Câmara). Cruza Del Castilho, Higienópolis, Inhaúma e termina no Engenho da Rainha, bem nos limites com Thomáz Coelho, onde se encontra com a Automóvel Clube, atual Pastor Martin Luther King Jr. Qualquer dia eu falo dessa guerra religiosa que andou mudando tantos nomes de avenidas por aqui.

A estrada é marcada pela presença de fábricas como a da Plus Vita, do grupo mexicano Bimbo; pelo prédio da 12ª Região Administrativa da cidade, e por vários conjuntos habitacionais.

Entre esses conjuntos habitacionais destacam-se o Conjunto IV Centenário; o Conjunto dos Músicos, onde viveram vários músicos de grande fama; e o Parque Residencial Estrada Velha (PREV), com quase mil apartamentos e mais de três mil moradores.

A antiga Estrada Velha da Pavuna era uma das principais vias que cortavam a Freguesia de São Tiago de Inhaúma, desmembrada da Freguesia de Irajá em 1743. A Igreja de São Tiago Maior encontra-se na praça 24 de Outubro, de frente para a Adhemar Bebiano, e foi erguida em 1745.

A casa antiga que se vê na foto a seguir, de Reinaldo Silva (1968), é um típico chalé suburbano construído no início do século XX e pertenceu à Viscondessa de Embaré. Atualmente está cercada de casas populares em uma área conhecida como "as casinhas", inserida no contexto espacial do complexo do alemão.



Mas quem foi Adhemar Bebiano?

Adhemar Alves Bebiano, cidadão que dá seu nome para a antiga Estrada Velha da Pavuna, era filho de Domingos Alves Bebiano, português nascido em 1849, na localidade de Castanheira de Pera, e neto de António Alves Bebiano, Visconde de Castanheira de Pera. O pai de Adhemar veio de Portugal e estabeleceu-se em 1864 nas Minas Gerais, de onde seguiu para o Rio de Janeiro em 1880.



Na capital fluminense, então capital do país, Domingos Alves Bebiano tornou-se presidente da Companhia América Fabril, cuja estrutura empresarial incluía a fábrica onde atualmente se estabelece o Shopping Nova América. Durante muitos anos a fábrica pertenceu à família Bebiano, que empregou milhares de moradores da região, motivo da homenagem com a mudança do nome da Estrada.

Adhemar Bebiano, além de ligado à Fábrica Nova América, também foi presidente do clube Botafogo Futebol e Regatas entre 1944 e 1947.

P.S.: Eu, em notável esquecimento, deixei de recorrer no início dessa série, ao autor mais que fundamental quando assunto é a história das ruas do Rio de Janeiro. Falo de Brasil Gérson. Busquei seus escritos sobre a antiga Estrada Velha da Pavuna e confirmei o que os moradores antigos da minha área sempre diziam.

Brasil Gérson, em seu livro História das Ruas do Rio (5ª edição, pp. 366-367, Lacerda Ed, Rio de Janeiro, 2000) nos conta que a abertura da Estrada Velha da Pavuna se insere no contexto dos caminhos abertos pelos jesuítas para o Sertão Carioca. Ele escreve o seguinte:

"Esses caminhos tiveram um ponto de partida em comum que foi a cancela dos Jesuítas em S. Cristóvão, o popularíssimo Largo da Cancela inexplicavelmente convertido em Praça Vicente Neiva, e o primeiro deles, aberto pela Sociedade de Jesus em busca de sua sesmaria em Santa Cruz, se transformaria na Estrada Real de santa Cruz, e dela saíram dois afluentes principais, a Estrada da Penha (com seu início nas alturas da atual estação Vieira da Fazenda, na Linha Auxiliar) e a da Pavuna, nas de Maria da Graça de hoje, esta a seguir transformada em duas, a Velha e a Nova, ao abrir-se uma segunda com o mesmo objetivo na Venda dos Pilares, para que ambas se juntassem adiante no Engenho do Mato.

Eles tinham por finalidade maior a ligação direta do sertão com a cidade, porque ao mesmo tempo outros surgiram para que do sertão os seus moradores viessem à cidade com a ajuda do mar, ou, por outra, graças aos portos do que nesses antanhos se denominava o Recôncavo carioca, entre Meriti e Inhaúma, e eles eram, entre outros menores, o Caminho de Itaoca, que no Bonsucesso de hoje se prolongava até as praias de Inhaúma, Apicu e Maria Angu através dele mesmo e dos caminhos ou estradas dos Manguinhos, de Inhaúma, e do Engenho da Pedra (que depois seriam duas, a Nova e a Velha do mesmo Engenho) e a de Maria Angu (que vinha da Penha como prolongamento da Brás de Pina e da Vicente de Carvalho) e a do Porto Velho de Irajá, de certo modo um prolongamento da do Quitungo."

Uma beleza de história, não é? Era isso que eu queria dizer. Abraços!

quinta-feira, abril 07, 2011

TIROS EM REALENGO

Lamento profundamente a tragédia que se abateu sobre as famílias da zona oeste do Rio de Janeiro, com os múltiplos assassinatos e o suicídio cometidos por um homem em uma escola municipal da cidade, no bairro de Realengo.

A tragedia deitou-se, com certeza, sobre a sociedade brasileira, despertando a comoção de nossa gente mais simples, de profissionais de saúde que se esmeram para atender aos feridos, e sobre a presidenta, que chorou, visivelmente emocionada ao homenagear as vítimas.

O crime é, no entanto, estranho. Estranhíssimo. Cometido por um rapaz de 23 anos de idade, sem antecedentes criminais e ex-aluno da escola. Muitas perguntas estão no ar e a polícia vai se ver obrigada a prestar maiores esclarecimentos à sociedade pois não se trata de um crime comum, num espaço comum, por um criminoso "de carreira".

E a sociedade certamente espera por essas respostas, e que elas não sejam evasivas no final do inquérito como são agora, por razões compreensíveis.

Com o pouco que sei, imagino um crime com uma trama psicológica. Afinal, porque ele entrou calmamente na escola, conversou com uma professora, disparou em mais de uma sala, atingiu letalmente mais meninas do que meninos, etc?

Há quanto tempo ele já tinha saído da escola? Alguma criança que foi morta tinha convivido com ele? O há na carta e que ele anuncia os motivos do seu suicídio?

Que papo é esse de islamismo? Ele se converteu? Atribuiu suas motivações à religião? O crime me parece muito ocidental. Lembrei de Tiros em Columbine imediatamente. Muito depois lembrei de Beslan.

Enfim, espero, enquanto membro da sociedade brasileira, enquanto cidadão fluminense e carioca, respostas para essas e outras perguntas relevantes para o caso.

Deixo meu enorme abraço aos parentes das vítimas - fatais ou não. Sou pai. Imagino o drama de quem perdeu seu filho ou está vendo-o sofrer com os ferimentos. Desejo-lhes força, com o mais profundo sentimento solidário à suas dores.