domingo, junho 24, 2007

FAZENDO AS APRESENTAÇÕES

Família é algo fundamental. Faltam-me as palavras para descrever com fidelidade a importância que dou aos meus. Trago, hoje, algumas imagens, breves apresentações de algumas pessoas que cercam-me no cotidiano. Primeiramente, eu mesmo. Esse aí em primeiro plano. O cara lá de trás é um desconhecido. Apareceu por acaso.


A patroa vem na sequência, como não podia deixar de ser. Tornou-se a pessoa mais importante do mundo pra mim. Está acompanhada de seu mais novo xodó, o nosso primo Paulinho, de quem ela não larga o pé. Definitivamente ela quer um bebê. A imagem diz mais do que mil palavras. Ela está como pinto no lixo.


Esses dois merecem destaque especial. Carol, nossa prima-irmã. Já falei sobre ela aqui algumas vezes. E o João, nosso primo-irmão, estreiante aqui nessas esquinas suburbanas. Aos dez anos, já cantava Noel Rosa.


E não poderia faltar a peça. Ele, o sujeito por quem tenho um amor de irmão. Aquele a quem eu devo várias cervejas por me aturar por cinco anos dormindo no chão do seu quarto. Aquele que me trata, e a quem trato, com uma falta de urbanidade comovente. O digníssimo Luis Henrique. Saca só o naipe do malandro...


Fundamentais na minha vida!

Um Abraço Solidário!

sexta-feira, junho 15, 2007

25 TRANSLAÇÕES

Amadureci muito cedo aprendendo a ver a vida como ela realmente é, com suas mazelas, suas dores, delícias e cores. Sucessos e fracassos. Meus e os dos outros. Observo tudo o que me envolve. Ouço mais do que falo. Aprendi que é estúpido aquele que fala demais quando o certo é calar. Tímido, aprendi a me comunicar por imposição da profissão que escolhi. Descobri o amor e inúmeros de seus matizes aos 18 anos de idade, ao lado daquela com quem, hoje, divido os sucessos, fracassos, as mazelas, dores, delícias e cores que preenchem nossa vida. No singular, posto que nos tornamos um só.

Pais vigilantes e incansáveis na luta diária pela minha formação como ser humano de caráter honesto e senso de justiça social, aprendi a amar o Subúrbio onde nasci e cresci, sendo acompanhado e auxiliado de perto até conseguir alçar meus primeiros passos profissionais. Apoiado por toda a família, até mesmo a que me recebeu como irmão, filho, neto, sobrinho e primo, sigo hoje meus passos com mais segurança, mas sempre seguindo o sensato princípio, que norteia-me desde a mais tenra idade, de ver a vida sem ilusão.

Fã incondicional da gentileza, sempre me dei bem com as pessoas que não desprezam a cortesia nas relações pessoais. Aprendi o respeito em casa. Quando olho para as pessoas, procuro pensar que cada uma delas é a pessoa mais importante do mundo para alguém, e que, portanto, merecem meu profundo respeito. Não desconsidero ninguém, mesmo os que não simpatizam comigo. Tenho alguns amigos de verdade. Quem acha que tem muitos amigos não conhece uma verdadeira amizade. Mas tenho muitos camaradas, parceiros da antiga, parceiros novos e sou cercado de gente “boa praça”.

Jovem professor, o sucesso profissional me abraça a cada dia. Comecei com apenas uma turma de 16 alunos e hoje, dois anos depois, eles são mais de 400 espalhados em 12 turmas. Sinal de que o trabalho está dando certo. Mas o verdadeiro sinal do sucesso é o carinho dos alunos, o retorno daqueles que passam no vestibular, o sorriso dos “bem pequenos” quando chego para minhas aulas. Com eles, às vezes, eu aprendo mais do que ensino.

Com o amor, uma base familiar sólida, amigos, camaradas e trabalho, só me resta, hoje, quando completo 25 anos, agradecer e pedir aos Orixás, responsáveis por tudo o que sou, que me conservem a saúde para que eu possa continuar desfrutando de tudo isso enquanto a Terra executa muitas outras translações.

Oxalá abençoe!

Um Abraço Solidário!

terça-feira, junho 12, 2007

DIA DOS NAMORADOS

Definitivamente não gosto de datas comerciais. Vejo pouco sentido, de fato, nas comemorações como a do dia dos namorados. Casado há dois anos, encontrei minha esposa, na noite do dia 11, no shopping onde ela comprou-me uns calçados de presente de aniversário, já que ele está chegando. E ela me entregou as duas caixas dizendo:

- Um sapato, de aniversário e uma sandália pelo dia dos namorados.

Com um sorriso repleto de ternura, me abraçou. Senti uma sincera vontade de retribuir o gesto, além do carinho, com um presente. Passeamos pelas lojas de calçados até que escolhi um par de sandálias que ficou perfeito. Levamos. E seguimos pra casa.

Hoje cedo, minha aula foi interrompida por volta das nove horas da manhã pelo inspetor que trazia flores enviadas pelo namorado para uma aluna. A casa caiu. Estabelecer o controle de cinquenta alunos novamente seria impossível em pouco tempo. Foi aí, nesse meio tempo, que uma aluna me perguntou:

- Professor, o que você deu de presente para sua esposa pelo dia dos namorados?

Só ao ouvir a pergunta, lembrei-me que a ocasião comportaria uns versos que já cantarolei aos montes. Respondi, cantando:

"Eu dei a ela um par de sandálias
Da cor do meu chapéu de palha..."

Do samba Sandália Amarela, de Wilson Moreira e Nei Lopes.


P.S. Parabéns pra Carol, nossa prima-irmã, que hoje chegou aos dezessete!

Um Abraço Solidário!

sábado, junho 09, 2007

EGOÍSMO VERSUS SOLIDARIEDADE

Depois que comecei a estudar e entender um pouco do jogo sujo do comércio internacional, convenci-me de que o egoísmo é mais do que o mal do século. É o grande mal da humanidade. No centro de todas as mazelas e desarmonias que se manifestam no planeta, o egoísmo impera, soberano, como agente causal, partindo do espírito humano o impulso que forja tais deturpações.

Minha reflexão nasce a partir da análise do desequilíbrio do comércio internacional, responsável pelos quadros de opulência e miséria que contrastam não só países mas, também, elementos de uma mesma sociedade nacional, já que a desigualdade de classes é um dos fundamentos basilares do sistema que nos sustenta, nos usa, despreza, oprime, deprime e consome.

No entanto, os estudos pormenorizados, críticos, da mesma temática, focados em outros eixos de exame além do comércio internacional, tendem a apontar o mesmo elemento como causa.

Pausa: escrevo esse texto motivado pela coerente análise acerca dos nacionalismos feita por Arnaldo Heredia nesse texto aqui. Como ele fala dos nacionalismos, minha análise transcendente ao comércio focará este tema.

Como bem disse o Arnaldo, os nacionalismos têm origem, muito mais em interesses políticos e econômicos do que étnicos ou religiosos. Mesmo no Oriente Médio, onde há muita perseguição religiosa, os nacionalismos possuem forte base territorial e na disputa por recursos naturais. O controle de nascentes de rios, de um litoral mais extenso ou de petróleo são motivações comuns para guerras e terrorismo. A desumanidade floresce no seio dessas disputas ignóbeis. A intolerância religiosa torna apenas mais sujas essas contendas. E o que está por trás desses interesses arregimentadores da guerra, senão o egoísmo?

As mais diversas formas de relações de poder têm o sentimento egoístico como o mais puro e refinado substrato. Os conflitos étnicos pós-independências no continente africano sustentam-se na disputa pelo controle dos recursos naturais como eu disse aqui, em 15 de janeiro; em Ulster, a minoria protestante apoiada pela coroa britânica é detentora dos meios de produção, das melhores terras, das residências nos melhores bairros, em detrimento da maioria católica; em Kosovo, a impávida avidez pelo poder e pela independência conduziu os kosovares à limpeza étnica praticada pela Sérvia, que, por sua vez, movida pelo mesmo desejo recusou-se a conceder a liberdade aos kosovares.

E, camuflado entre as evidências de cada uma dessas pelejas, o egoísmo manifesta-se como a verve de tudo.

Prolongar a exemplificação seria inútil posto que o princípio está à vista. Não pretendo tornar mecânica a argumentação que deve, fundamentalmente, ser dotada de humanidade para não ser incoerente com a tese defendida.

Creio, portanto, em caráter peremptório, que nada pode ser dotado de energia mais destrutiva, do que o que se move sob o estímulo egoístico. Que o comércio internacional, os nacionalismos, a (des)ordem mundial e todas as matrizes que colorem essa globalização perversa, de texturas repugnantes, só deixarão de criar as mazelas e desarmonias desses dias menos interessantes em que vivemos, quando forem baseadas no princípio de solidariedade.

Por isso, e com ênfase maior do que nunca, me despeço deixando o de sempre:

Um Abraço Solidário!

quinta-feira, junho 07, 2007

PRA QUE DISCUTIR COM MADAME?

Achei dentro do meu armário de discos o CD "Eu sei que vou te amar" de João Gilberto, gravado ao vivo em 1991, com voz e violão. Eu, que sou violeiro, gosto de discos com esse clima. E o João Gilberto, apesar de ser um nojo como pessoa, tratar mal seu público, é um excelente músico, além de ter um repertório que transcende a bossa nova (musica que não me comove nem um pouco). Nesse disco, o baiano canta músicas de grandes compositores como Dorival Caymmi, Ary Barroso e Haroldo Barbosa.

Esse time, sim, me comove profundamente. Canções como Rosa Morena, Lá vem a baiana, Isto aqui o que é? estão na lista. Mas a música que eu não consigo parar de ouvir é a pérola de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida, Pra que discutir com madame? Uma ironia bem humorada em defesa do samba, que tem a cara das kizombas que rolam pelos subúrbios do Brasil. Segue a letra, infelizmente não tenho como colocar a música.


Madame diz que a raça não melhora.
Que a vida piora por causa do samba.
Madame diz que o samba tem pecado.
Que o samba, coitado, devia acabar.
Madame diz que o samba tem cachaça,
mistura de raça, mistura de cor.
Madame diz que o samba democrata
é musica barata sem nenhum valor.

Vamos acabar com o samba.
Madame não gosta que ninguém sambe.
Vive dizendo que o samba é vexame
Pra que discutir com madame?

No carnaval que vem também concorro,
meu bloco de morro vai cantar ópera.
E na avenida entre mil apertos,
vocês vão ver gente cantando concerto.
Madame tem um parafuso a menos.
Só fala veneno, meu Deus que horror!
O samba brasileiro democrata,
brasileiro na batata, é que tem valor.


Coisa de gênios da raça!


Um abraço solidário.

segunda-feira, junho 04, 2007

CONTROLE DA NATALIDADE ?

Minha mulher adora crianças. Adora, não. Ela é louca por qualquer ser humano com menos de 12 anos de idade. Quanto menor a idade, maior a sua loucura. Fizemos recentemente dois anos de casados e comemoramos o fato em família. E completar dois anos de casamento, pra maioria das pessoas, significa que está mais do que na hora de virem os filhos. No plural.

- Um só é muito sem graça! - ouço ao tentar argumentar o contrário.

Raros são aqueles que acham que ainda está cedo. Mas, pior ainda, é que há aqueles que acham que já está tarde. Lembro-me perfeitamente do dia em que, poucas semanas depois do casamento, a vovó Eva reclamava veementemente para que todos se mobilizassem a fim de que Lucimar não pegasse nenhum tipo de peso. Carolina, nossa prima-irmã, levou vários esporros da vovó até que a velhinha entendesse que a Lucimar não engravidou imediatamente após o casamento.

Preocupada com tal lentidão (como assim, vovó? Pô!), ela chamou minha esposa e, com expressão grave, indagou:

- Minha filha, vocês não vão ter filhos?
- Vamos, vó! Mas não agora...

Lucimar respondia fazendo intensa articulação labial para que a vovó entendesse, já que ela era completamente surda e enxergava mal. Ela fazia uma precária leitura labial. Só não entendo porque é que minha mulher falava tão alto, muito alto, irritantemente alto, mesmo sabendo que a velhinha não escutava xongas.

Desde então vovó Eva passou a dizer pra minha mulher que nós deveríamos ter ao menos cinco crianças. Muito pouco, quase nada, na sua concepção de quem foi mãe de dez filhos, cinco homens e cinco mulheres, dentre as quais surge minha sogra, a querida dona Teresinha, que no início do ano passado, recebeu ao lado do Pai, o Sr. Armando, a nossa vovó Eva, no Reino de Aruanda.

Só de pensar em cinco crianças correndo pela minha casa eu tenho náuseas. Passo mal como um rubro-negro ao ver o Flamengo perdendo de 4X0 para o Vasco, faltando 25 minutos pra terminar o primeiro tempo. A pressão sobe, os olhos incham, baixo hospital com pane generalizada. Com saudades da avó e sentindo falta de crianças, dia desses a patroa quase me mata com essa:

- Ai! A gente devia ter uns cinco filhos, no mínimo!

Mas, antes que eu definitivamente “vá oló”, desencarne, passe dessa pra melhor ou pior, vamos ao objetivo desse texto.

Quero dizer a todos que nunca eu me senti tão isolado, tão sozinho, quanto me sinto quando alguém da família puxa esse papo de ter filhos. Mas ontem, na celebração dos vinte e oito anos da minha irmã, sentado numa mesa com meu pai, meu querido primo Zé Luiz e sua pândega namorada, a Ingrid, fui confortado com as palavras dos dois que já foram pais.

Comentei sobre o meu novo projeto com eles. A idéia é a seguinte: quero sair às ruas e navegar na internet pesquisando os preços de tudo, definitivamente tudo o que pode ser gasto com uma criança desde o momento que se descobre a gravidez até um ano de vida. Desde a chupeta até a montagem do quarto infantil. Tudo o que eu conseguir lembrar.

Impossível? Não! Não é! Mas não deixa de ser uma tarefa complicada. Se o plano evoluir bem e conseguirmos prever esses custos, talvez até façamos uma poupança forçada. Do tipo:

- Ih! Engravidamos! E agora?

É importante estar preparado pra esse momento. Pelo menos pra mim é fundamental. E isso é o que interessa já que eu vou me dar esse trabalho.

Depois de explicar tudinho, ouvi do Zé e do meu pai frases que aludiam a impossibilidade da concretização desse plano. Mas meu pai, o maior filósofo que já conheci, de fazer inveja a todas as escolas filosóficas, de Aristóteles a Foucault, aproveitando o ensejo, logo exibe sua sabedoria:

- Filho é uma foda!

Notem, meus amigos! Notem a profundidade dessas palavras. Não preciso explicar todos os sentidos desta oração. E depois de soltar esse verbo, meu velho desatou a falar dos problemas que eu e minha irmã demos pra ele e minha mãe, na infância. Lembrou de nossa pediatra, da consulta de 3.500 cruzeiros que ele teve que pagar a um outro pediatra antes de encontrarmos a nossa, quando ele ganhava exatos 3.500 cruzeiros, e de várias outras coisas que a batida de limão e a feijoada lombeira que traçamos já não me permitiram guardar na memória.

Um dos poucos que ousa me defender nesse papo de filhos é o meu cunhado Luis Henrique, sujeito por quem tenho um amor de irmão. Também pudera! Depois de passar anos me aturando a dormir no chão do seu quarto, roncando e peidando em profusão, devo muitas cervejas pra esse cara. E é impressionante como esse amor de irmão é movido por uma grosseria, uma falta de urbanidade comovente.

Quarta-feira passada, jogo do Fluminense no maracanã, toca o celular de minha senhora. É ele, o Luis Henrique. Ele desliga, como quem pede pra gente ligar de volta. Eu ligo do celular. Ele atende:

- Oi, meu amor – achando que é a irmã.

- Coé, mané! – até hoje não ficou claro porque nos tratamos assim, mas, possivelmente porque malandro fica puto quando chamado de mané. nos ofendemos desde o contato inicial.

- Coé, mané! – ele responde.

- Teu time tá uma merda, hein? – Ele do Maraca via o Fluminense empatar com o Figueirense.

- Ah, Diego! Vai tomá nesse cu!

- Tomá no cu é o caralho, teu time é uma merda. Tomá no cu!

- Seu merda, quarta-feira vou fazer um churrasco lá em casa e tu não vai. Vou mandar o porteiro te barrar! Tomá no cu...

- É mermo? Tu é mó filhadaputa! Então vai tomá no cu!

- Tomá no cu!

Desliga-se o telefone. Troço comovente esse amor de irmão. Hoje recebi o convite pra ir no churrasco. Urubu come carne crua, mas eu gosto também dela assada na brasa, com cerveja gelada, muita batucada e cachaça de litro. Isso eu não perco. Tô dentro dessa kizomba! Chegarei cedo para ajudar nos preparativos.

Os filhos? Vão ficando pra depois... Oxalá é quem manda!

Um abraço solidário!