Eu, malungo de umbandas e quimbandas, cambono de preto-velho, tocador de atabaque, de berimbau e outras macumbas, deixo o meu recado no dia de hoje - de gritar valeu, Zumbi! - feito cantador de cantiga de capoeira e batedor de jongo em caxambu.
Ocorre que a moda há algum tempo é dizer que esse Brasil de meus deuses é de todas as cores. Mas na hora de dizer que ele também é preto, calunga, o buraco é mais embaixo e o couro tem que comer; o pau tem que quebrar.
E o pau quebrou no dia em que a mocinha do IBGE pintou na casa de minha prima, Ana Carolina, querendo pintar a pele, alma e a identidade do povo daquele ilê. Ana Carolina confirmou:
- É preto! É preto, calunga! Eu também sou preto, calunga!
E a mocinha tergiversou:
- Não bota preto não! Bota pardo! Você é até clarinha!..
E saiu descontente com a afirmação da identidade afrodescendente de Ana Carolina.
É mole? O Brasil não é para principiantes.
É mole? O Brasil não é para principiantes.