sábado, junho 20, 2009

RACISMO, PRECONCEITO E O APARTHEID

No ano de 2005 meu mano Claudio Falcão adquiriu no sebo de dois grandes amigos um livro indicado por eles sobre o infame regime do Apartheid. Ao venderem-lhe o livro eles alertaram-lhe quanto a existência de anotações do antigo dono ao longo da obra. O livro é bom, mas o que mais nos impressionou foram os comentários feitos pelo antigo dono, que revelou-se um resoluto racista pelo teor de suas anotações. Claudio mostreu-me o livro, e eu o estimulei a escrever sobre essa questão. Ele, então, convocou-me às canetas e o resultado é o texto que publicamos juntos agora.

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O apartheid: poder e falsificação histórica, é o título do livro escrito pela francesa Marianne Cornevin e editado pela Unesco em 1979. O livro conta o absurdo do apartheid, seu funcionamento e suas origens. Ao longo do texto a autora faz pesadas e fundamentadas criticas ao regime do que imperou na África do Sul até 1990. A obra reflete as criticas mundiais e o início do movimento internacional que levou ao fim deste regime execrável.

O antigo proprietário do livro comprado no sebo tinha um hábito, comum a muitas pessoas, de comentar as ideias expostas no texto original, criticar e argumentar com o autor em anotações no final das páginas.

O verme (vamos nos referir ao indivíduo sempre por este adjetivo) era, definitivamente, um imbecil, um preconceituoso e um defensor ardoroso da segregação racial. Certamente, uma mentalidade obtusa, encantada pelos pressupostos de teorias pseudo-científicas como o determinismo geográfico e o darwinismo social. Para provar isso vamos reproduzir alguns trechos do livro e os respectivos comentários feitos por ele.

O primeiro comentário, feito logo na capa do livro, é o seguinte:

Esta é uma obra absurda pelo contra-senso de seus argumentos pretendendo condenar os atos de um povo que conquistou seus direitos com o próprio sangue. Esta autora deve ser uma fanática comunista, ou uma liberal vendida aos interesses do comunismo internacional, que no momento luta para conquistar as riquezas do sul da África, usando a bandeira dos direitos humanos da negritude. Felizmente não passa de um sonho, um sonho tolo.

Na contra-capa o verme faz o seguinte comentário:

Sistema muito usado na leitura periódica da Enciclopédia Soviética - reescrever a história de acordo com os interesses do momento. Aliás já estão aplicando este sistema aqui no Brasil, na tentativa de reescrever nossa história, maculando a memória de nossos antepassados - tal como Domingo Jorge Velho - o vencedor da "república" dos Palmares. Ali ele liquidou a negrada que tentava se arvorar em fundadores de uma república negra. Que os brancos, orgulhosos de sua condição como tal, não se deixem engodar por tais idiotices.

No primeiro capitulo o livro mostra, através de dados e informações arqueológicas, o óbvio: que os negros ocupavam o sul da África muito antes dos brancos europeus chegarem. Na página 79 o verme faz o seguinte comentário:

Muito bem, admitamos que os negros tenham chegado primeiro. E dai? Os nossos índios também estavam aqui antes de nós, mas a terra foi ocupada pelos nossos antepassados brancos por direito de conquista. E quem vai contestar esse direito? O mesmo se aplica a África do Sul.

O verme desqualifica a autora com um comentário que só não omitimos para que todos tenham noção de como, verdadeiramente, trata-se de um estúpido. A besta-fera diz o seguinte:

Essa autora, como uma boa francesa, naturalmente, deve dormir com algum negro. As mulheres francesas tem dado ao mundo inúmeros exemplos desta tendência a deitar com negros, faz parte da sua mente devassa.

Na página 140, no último paragráfo a autora diz, com absoluta razão e quase profeticamente, o seguinte:

Os ventos da história mudaram desde Soweto. Os brancos deixaram de ser os senhores absolutos da história da África do Sul. Embora o poder governamental pareça assegurado por muitos anos, o negros já ergueram a cabeça. Afastaram o sentimento de inferioridade que constituia sua fraqueza. A pressão internacional apenas acelerará a sua emancipação inevitável.

Então o verme escreve o último comentário que publicaremos para não cansar os leitores, ou não provocar o vômito em outros:

Será mesmo? Isto é o que desejam, mas não o que será. E, então, ficará provado inexoravelmente a superioridade dos brancos sobre os negros. Não é número que conta, mas o valor, como sempre aconteceu os brancos sempre serão os vencedores. Esta autora é uma sonhadora (...) Os negros ergueram a cabeça? Pois é, ergueram para que seja mais fácil decepá-la. Os negros jamais conseguirão dominar a África do Sul. Os brancos da Rodésia eram somente 250000 e davam surras memoráveis nos negros, que eram 6 milhões. De uma vez, apenas 72 brancos atacaram 5000 negros e mataram 1200, tendo somente do seu lado 5 feridos. Agora, imaginemos 5 milhões de brancos, dispostos a tudo, contra 17 milhões de negros. Será ou não será uma sopa?

Para nossa felicidade, a história nos mostrou que o verme estava errado!!!!

Ao ler esses comentários, quisemos não acreditar no absurdo das suas idéias. Mas o que nos assustou, o que nos arrepiou, foi saber que o antigo dono (o verme), era um juiz aposentado, morador do bairro da Tijuca, no Rio de janeiro, sujeito de classe média alta. Por ocasião do seu falecimento a família vendeu para diversos sebos a sua biblioteca, e foi assim que o livro chegou até nossas mãos.

É inevitável refletirmos sobre qual teria sido o destino de negros que tenham tido o azar de serem julgados em qualquer tribunal do país por este crápula. Publicamos este comentário afim de mostrar como o preconceito e a intolerância ainda existem. Para que não restem dúvidas e para provar que essa história absurda não é uma inveção de nossas férteis mentes, colocamos as imagens das anotações feitas pelo verme. Veja, você, leitor, com os próprios olhos.

Basta clicar aqui no link abaixo para ver as fotos na publicação do texto no blog do Claudio Falcão:

http://geogordo2.blogspot.com/2009/06/racismo-preconceito-e-o-apartheid.html


Quem quiser ver o livro é só falar com ele.

terça-feira, junho 09, 2009

PAPO DE SUBURBANO - RÉ NO KIBE

- Fala aí, fiel! Tranquilidade?

- Beleza!.. E tu, braço? Como é que é? Maré mansa?

- Na fé de Zambi, irmão.

- Pô, parceiro, foi bom a gente se esbarrar que eu tava querendo desenrolar um papo contigo, sacou?

- Fala, aí, cumpadi. Qual é a letra?

- Pô, tá ligado no Fábio, aquele gordo, parece até uma jamanta?

- Quem, o Fabolinha?

- Esse Zé Roela mermo...

- Qual foi, parceiro?

- Então. Tá ligado que ele é tchola, né?

- Sei, pô! Ré no kibe direto lá no matagal do lote 15...

- Então. O maluco chegou pra mim te esplanando...

- Ih, alá!.. Qual foi, braço?

- É...

- Coé? Dá o papo aí, cumpadi!

- Então. Tava no bar do Geraldo com uma mulezinha que eu descolei numa situação lá em Honório...

- Ahan. E aí?

- E aí que a tchola do Fabolinha chegou na parada e ficou me olhando.

- E aí, malandro?! Qual a esplanação, pô?

- Então... Então que eu estufei o peitoral e mandei pra ele: "Qual foi?"

- E a tchola, falou o que?

- Aquele gordo, sabe que a gente é parceiro, chegou junto e falou que tu era o novo faz-me rir das tcholas lá do matagal.

- Ih, alá!

- E que tu tava pagando direto pra pegar geral...

- Caralho! Que esculacho!

- E não foi dichavado, não, parceiro. Geral no bar ouviu a esplanação dele, que aquela bicha é escandalosa à vera.

- Pô! Esse viado tá querendo morrer, é?

- Não sei... Não sei, cumpadi. Só sei que eu ronquei pra ele que isso era vacilação.

- E aí?

- E aí que ele mudou a letra começou a me dar mole! Falou pra eu não dar moral pra quenga e partir pro matagal com ele, tá ligado?

- Ah, não fode? E tu não pranchou ele, não, parceiro?

- De mão aberta, no pé da orelha. Ele bolou, mas não caiu. Ainda tentou roncar pra cima de mim.

- E tu deu outra?

- Então. Dei, mas essa foi de mão fechada, no meio dos cornos, pra ele deixar de ser otário!

- Aquele Zé Roela!.. Tu arrancou, pelo menos, um melado da nareba?

- Ahan. Ainda ia dar uma terceira pra você, que tu sabe que eu fecho contigo, mas a rapaziada do Geraldo, que tem contexto com a gente, segurou a onda, chegou no deixa disso, e eu botei esse galho dentro.

- Pô, tá maneiro. Mas o infeliz ainda esculachou até a tua mulezinha, hein...

- Então, fiquei como? Boladão, né! Pô, pode ser quenga mas tá comigo, pô!

- Mas, chega aí... Chapa quente, ela?

- Quem?

- A mulezinha de Honório?

- Pô, o bagulho é doido, malandro!

- Pô, coé, cumpadi. Tem mais nessa fonte?

- Então. Tem, pô! É só chegar!

- Coé, cumpadi! Me leva nessa situação em Honório aí, parceiro!

- Então. Já é, pô! A gente marca.

- Demorô!

- Vou nessa, então, cumpadi.

- Valeu, braço! A gente marca essa parada.

- Valeu, então. Partiu!

- Partiu!

segunda-feira, junho 08, 2009

ENCONTRO DE TRÊS IRMÃS

Não é sempre que isso é possível para elas nos dias de hoje. Mas no último sábado, motivo para lágrimas de muita emoção e alegria, essas três irmãs nascidas em Bacaxá, distrito de Saquarema, na região da Baixadas Litorãneas do Rio de Janeiro, se encontraram novamente. Elvira Porto (93), Odila Porto (89) e Océlia Porto (79), esta última, minha avó, mãe de meu pai, são personagens fundamentais da minha história, com participação ativa na minha infância e na formação do meu caráter.


Da esquerda para a direita: Océlia, Odila e Elvira.



Aqui, Odila (sentada) e Elvira (de pé) se encontram.


De todos os muitos momentos bonitos que a família viveu nesse último sábado, dia 6 de junho, na comemoração dos 30 anos de minha irmã, completados no dia 31 de maio, esse foi o que mais me emocionou.

Contarei mais sobre o evento suburbano do último sábado em breve.

Abraços e até!

terça-feira, junho 02, 2009

A MÍDIA E O DIMENSIONAMENTO DAS TRAGÉDIAS

O controle da circulação das principais informações veiculadas em todo o planeta pertence a um número muito restrito de agências de notícias. Entre elas, destacam-se grupos como o conglomerado anglo-canadense Thomson Reuters, o grupo francês AFP, a agência espanhola EFE, o grupo norteamericano UPI além da BBC e outras poucas agências de grande porte. Muitos jornais apenas reproduzem o que essas agências divulgam. Suas notícias são capazes de influenciar decisões financeiras, empresariais e até decisões políticas e governamentais. Não resta dúvida de que essa capacidade de controlar a produção e a circulação das notícias confere grande poder a essa mídia que, de forma quase invariável, a utiliza segundo seus anseios e seus interesses.

E um dos diversos exemplos desse uso parcial da informação pelas grandes agências de notícia é dimensionamento das tragédias. Grandes tragédias, em geral, envolvem a perda de várias vidas, ou pelo menos de uma vida. Então, a questão que se exibe é: como dimensionar uma tragédia? Será pela quantidade de vidas perdidas? Ou pela "qualidade" dessas vidas?

Do ponto de vista da quantidade o mundo já viveu diversas tragédias. O holocausto, as grandes guerras, a epidemia AIDS na África, as tsunamis são grandes tragédias. O Stalinismo, com seu saldo de milhões de mortos, também gerou uma tragédia. O massacre secular dos indígenas americanos, que foi um verdadeiro holocausto sem direito a lista de Schindler, também foi uma tragédia. Todas com muitas mortes. Do ponto de vista da "qualidade", o mundo também já viveu algumas tragédias. Só no século 20, o assassinato de pessoas como Francisco Ferdinando, John Kennedy, Indira Ghandi e Yitzhak Rabin, entre outros, mudaram o curso da história, seja em âmbito nacional ou internacional.

Eu, que sou um humanista, não pretendo estabelecer comparações entre tragédias atribuindo maior ou menor valor a elas. Pretendo, apenas, demonstrar como a grande mídia valoriza demais determinadas tragédias enquanto despreza outras que envolveram tantas vidas quanto as primeiras. Ou seja, que a mídia, de modo geral, dimensiona as tragédias muito mais pela "qualidade" das vidas perdidas do que pela quantidade. Os exemplos que temos a seguir, mais ou menos recentes e típicos da imprensa brasileira, exemplificam bem o que estou afirmando.

Dois estados Brasileiros viveram tragédias recentemente, associadas ao excesso de chuvas, ou seja, a catastrofes naturais, além de problemas de infraestrutura urbana. São eles, o Estado de Santa Catarina e o estado do Piauí. A cobertura dada às duas tragédias, de dimensões semelhantes, é absolutamente discrepante. Santa Catarina esteve nas capas dos jornais durante semanas na época em que se abateu a tragédia sobre o estado. Um destaque muito menor foi dado aos eventos que assolaram o Piauí, onde além das mortes, muitas pessoas ficaram desabrigadas e diversos povoados simplesmente desapareceram. A razão para essa cobertura diferencial está na "qualidade" da população atingida.

No Piauí, os mortos e desabrigados fazem parte de um Brasil que não é central, que é mulato e mestiço, descendente muito mais de índios e africanos do que de brancos europeus. São os nordestinos pobres que levam o governo a gastar dinheiro com programas assistencialistas como Bolsa Família, Fome Zero, ProUni etc., e não ter verbas para construir um museu Guggenheim em São Paulo ou no Rio de Janeiro. São os nordestinos que tem parentes superlotando as metrópoles do sudeste onde são vistos apenas nos canteiros de obras, nas portarias ou nos departamentos de manutenção e limpeza das grandes empresas. Ou seja, quem morre no Piauí é gente menos importante, cuja morte comove menos a classe média metropolitana que lê jornal e vê telejornal, é gente que não é notícia.

Em Santa Catarina, os mortos e desabrigados fazem parte de um Brasil central, de um povo que é branco, em sua maioria, louro de olhos claros, descendente de europeus, vistos como os únicos capazes de civilizar o Brasil, a esperança redentora de uma nação forjada com base na escravidão e no massacre de milhões de índios. São os catarinenses, que podem ter entre seus mortos uma menina cuja beleza se enquadra nos rígidos padrões da moda internacional e que a fatalidade impediu de se tornar uma nova super top model. São os catarinenses pobres e os muitos catarinenses de classe média e alta que tiveram suas vidas arruinadas por construir em áreas de encostas ou vales fluviais desmatados tornando-se vítimas dos deslizamentos de terra e do transbordamento de rios assoreados.

Para mim, o valor das duas tragédias é o mesmo. Lamento por todas as pessoas e por todo o sofrimento delas. Minha crítica é à imprensa que, por se identificar muito mais com os catarinenses do que com os nordestinos e saber que a identificação geral de seu público é a mesma, veste-se de todos os seus preconceitos e retrata de forma desproporcional tragédias semelhantes.

Quando se trata da morte de crianças a comoção das pessoas é, em geral, maior do que quando se trata de adultos ou, principalmente, de idosos. Mas o tratamento dado a morte de uma criança pobre, moradora de favela por exemplo, é sempre menos dramático do que ao que é dado a morte de uma criança rica ou de classe média e alta.

Se a polícia troca tiros com bandidos em uma favela e um dos tiros mata uma criança, a notícia virá, mas acompanhada daquela conotação de senso comum, da ideia de violência banalizada, de guerra urbana, de traficantes armados contra polícia mal treinada, mal remunerada e, por vezes assassina etc. Em pouquíssimo tempo a manchete desaparece. O mesmo vale para os casos de violência dos pais com os filhos, pobres, é claro.

As proporções que tomam os casos de violência contra crianças de classe média e alta são muito maiores. O caso de Isabella Nardoni, em que muitos fatos levam a sociedade a crer que a menina foi jogada pela janela do apartamento pelo próprio pai, passou pelo menos dois meses sendo acompanhado de perto pela imprensa brasileira e as novidades processuais ainda são discutidas com a maior presteza. Isabella e outras meninas de classe média e alta, com suas fotografias estampadas nos telejornais, lembram os filhos da classe média e alta de todo o país, o que os comove com mais facilidade os que compram jornais e assistem telejornais. Elas são mais notícia do que as crianças pobres de favela.

Para mim, o valor das duas tragédias é o mesmo. Lamento por todas as crianças e por todo o sofrimento delas. Minha crítica é à imprensa que, por se identificar muito mais com a classe média do que com moradores de favela e saber que a identificação geral de seu público é a mesma, finge, quase sempre, uma tristeza pela morte das crianças de favelas - quando, em verdade, comemora menos um recruta do tráfico em um futuro próximo - e retrata de forma desproporcional tragédias semelhantes.

Um acidente aéreo sempre tem muito mais repercussão do que os acidentes rodoviários. Claro, eles são mais raros e quase nunca deixam sobreviventes, é verdade. Mas não é pela quantidade de mortos que eles ganham notoriedade maior. Os acidentes rodoviários em conjunto matam muito mais do que os acidentes aéreos. Mas há, quase sempre, grande diferença social entre quem morre nas estradas e quem morre em acidentes aéreos.

Os editores que selecionam o que se noticia nos jornais e telejornais, quando viajam para locais distantes, o fazem de avião ou de ônibus? Quando ocorre uma tragédia aérea de grandes proporções, uma das informações mais buscadas pela imprensa é a lista com os nomes dos passageiros. Há passageiros ilustres? Políticos? Empresários? Artistas? É com essa classe que os formadores de opinião se identificam, e não com as classes que frequentam os ônibus de viagens nas estradas brasileiras. Quando, por exemplo, ocorre um acidente envolvendo dois ônibus numa estrada, com mais de 50 mortos, não há a mesma cobertura. Geralmente não há ilustres para procurar nas listas de mortos. Em pouquíssimo tempo o caso é esquecido.

Para mim, o valor das duas tragédias é o mesmo. Lamento por todas as vidas perdidas e por todo o sofrimento dos familiares. Conheço pelo menos duas pessoas que perderam familiares no mais recente acidente aéreo. Minha crítica é à imprensa que, por se identificar muito mais com os passageiros de avião do que com os de ônibus e saber que a identificação geral de seu público é a mesma, atribui maior valor ao desastre aéreo, e retrata de forma desproporcional tragédias que ceifam quase o mesmo número de vidas.

Esse mecanismo que dimensiona tragédias não foge, portanto, ao mesmo mecanismo comercial de sempre onde o produto, no caso, é a informação e a sua venda está submetida ao tratamento dado à notícia e a relevância dela para o seu público alvo. É assim também quando morrem adolescentes, um da zona sul e outro do subúrbio; quando carros são roubados, um na zona sul e outro no subúrbio; quando prédios são invadidos, um na zona sul e outro no subúrbio etc., etc., etc...