quarta-feira, julho 22, 2009

PAPO DE SUBURBANO - NO BUTECO, SOBRE FUTEBOL

- Fala, Jorge! Como é que é? Me dá uma cerveja aí!

- E aí, Joacir! Vai beber o que?

- Ué, Jorge! Eu não falei pra tu me dar uma cerveja, pô?

- Eu sei, porra! Mas que cerveja?

- Sei lá! A mais gelada, caralho! Tu sabe que eu não tenho essas frescuras!

- Ih!.. O que que é? Tá de ovo virado, Joacir?

- Tô.

- E eu posso saber por que?..

- Porque você ainda não me deu a porra da ceveja que eu pedi!

- Caralho, tu é chato pra caralho, hein... Pior que você só esse que tá chegando aí...

...

- Como é que é, Joacir? Maré mansa?

- E aí, Valtinho? Beleza, malandro? E o Vasco?

- Tá tudo beleza, menos o Vasco, né, meu cumpadi.

- Ah! O time do Vasco tá uma merda!

- E que time que não tá uma merda, ô Joacir? Que time que não tá uma merda, pô?!

- Como assim? O Flamengo tá ganhando direto, Valtinho!

- Mas não tem nada que preste, Joacir! Só perna de pau em tudo que é time!

- Isso é verdade! O que tem por aí é tudo muito mais ou menos...

- É isso que eu tô falando, Joacir! Só tem perna de pau! Quando aparece um que é "menos pior", vai logo pro estrangeiro, malandro!

- É. Aqui só fica a escumalha!

- Só.

- E pensar que o Vasco já teve um timaço, hein...

- O Expresso da Vitória!

- Porra, aquele time só tinha craque, hein, Valtinho?

- Ô!.. Meu irmão, ali tinha Friaça, Djalma...

- Maneca, Chico...

- Tinha o Ademir! O Ademir!

- Um gênio!

- De 1947 até 50 não tinha pra ninguém! O Vasco foi a base da seleção de 50.

- É mermo? Com quantos?

- Sei lá, porra! Vários! Quer ver?

- Eu só lembro do Ademir, do Maneca e do Chico! Quem mais naquele time era do Vasco?

- Friaça...

- Ah, mas não era mesmo! Em 50 o Friaça jogou no São Paulo e na Ponte Preta. Só voltou pro Vasco em 51.

- Foda-se! O cara jogou uns dez anos no Vasco! O Friaça é do Vasco!

- Tá, quem mais, Valtinho? Quem mais?

- O Augusto, o Danilo e ainda tinha o Barbosa!

- Aquele frangueiro!

- Ah, não fode, Joacir! O Barbosa era um monstro no gol!

- Um monstro? É, deve ser! Ele espantou o Brasil inteiro, o mundo inteiro, com aquele frango horroroso!

- Tá de sacanagem! O Barbosa foi um dos maiores goleiros do Brasil em todos os tempos! Saía bem do gol, se posicionava bem, não tinha frescura pra bola perigosa nem o caralho... Quem perdeu aquele jogo foi o Flavio Costa!

- O técnico?

- É!

- Porque?

- Porra, tu não sabe, Joacir?

- Não sabe do que, caralho?

Ele mandou o time inteiro passar duas horas em pé na manhã do jogo rezando na porra de uma missa.

- Não fode?

- Tô te falando, rapá!

- Caralho, cara...

- É mole?

- Duas horas de pé, Valtinho?

- Ahan.

- Na Missa?

- Vê se pode?

- Valtinho, eu tenho que ir pra casa.

- Porque?

- Acerta essa cerveja com o Jorge pra mim?

- Tá, mas porque você tem que ir embora, malandro?

- Tenho que dizer agora pra minha mulher que nunca mais eu vou pra Igreja com ela. Nunca mais, Valtinho! Nunca mais!

sábado, julho 18, 2009

A DURA REALIDADE DOS EDUCADORES

A mensagem que esta imagem transmite deve ser encaminhada a todos que são ou pretendem ser pais.

Eu poderia discutir aqui a realidade da educação no mundo contemporâneo, a questão do assédio moral de alunos para com seus professores, sobre o sistema "PPP" (Papai Pagou, Passou) adotado pelas "escolas" e, obviamente, sobre a pressão que os pais (os deseducadores) fazem contra a escola e os seus professores (os educadores) para que seus filhos não sejam reprovados.

Poderia discutir a realidade em que esses mesmos pais transferem aos professores de seus filhos a tarefa de educá-los (repare, eu não disse instruí-los, eu disse educá-los) enquanto fecham negócios importantes ou passam o tempo entre as academias e as clínicas de lipoaspiração.

Poderia, mas não vou.

Deixo apenas uma pergunta, vencedora do concurso de um congresso sobre vida sustentável:

"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"


A imagem e a frase foram enviadas por email pela amiga Verena Buschinelli.

sexta-feira, julho 17, 2009

15 ANOS ATRÁS...

A Copa de 1994 é a mais antiga da qual guardo grandes lembranças vivas.

Da disputa de 1990, me lembro de poucas coisas: que o técnico era o Lazaroni, que o Brasil ganhou da Escócia de 2x1 e, no segundo gol, meu pai quebrou o teto de gesso do playground onde assistíamos o jogo, que o Brasil perdeu pra Argentina e que eu assisti a semifinal entre Itália e Argentina no saguão de espera da gravação do Show da Xuxa, na Lineu de Paula Machado, no Jardim Botânico. Sim, eu fui, várias vezes, ao Show da Xuxa.

Da disputa de 1986 eu não lembro de nada: só lembro que a copa foi no México, que tinha o Laranjito e que ela foi tema do meu aniversário de 4 anos. A foto abaixo comprova o tema da festa. Eu sou o garoto magrelo, acompanhado de minha irmã, Larissa.

E da Copa de 1982 eu não lembro de absolutamente nada mesmo. Também pudera: durante a partida em que o Brasil perdia para a Itália, mamãe, pra não ver aquela tragédia, me dava um dos primeiros banhos da vida. Era, eu, um recém-nascido.

Eis, portanto, as razões para eu me lembrar melhor apenas da copa de 1994. Quem viu e viveu as emoções das copas anteriores, pode achar que a copa de 1994 foi um tanto sem graça. Para mim não.

A primeira fase foi tranquila, com exceção do jogo contra a Suécia, que foi mais apertado. Nas oitavas, um jogo duro contra os Estados Unidos, os donos da casa. Assisti o jogo em Brás de Pina, na esquina da Avenida Arapogi com a Francisco Enes, onde morava o meu saudoso tio Luiz Carlos. Tomava os meus primeiros copos de cerveja, mas era só um pouquinho.

O jogo contra a Holanda eu assisti em Vista Alegre, na vila Pureza, onde morava o meu amigo Daniel Simões. Antes do jogo, a gente batia uma bola no quintal e eu quebrei o meu dedo anelar da mão direita. Recusei-me a ir ao hospital antes do jogo, duríssimo, que o Brasil ganhou por 3x2 com um gol de falta do Branco. Bergkamp aterrorizou o Brasil com jogadas perigosíssimas e fez um dos gols da Holanda.

A semifinal com a Suécia também foi dura e o Brasil ganhou com um mirrado 1x0, gol feito aos 35 do segundo tempo pelo Romário, de cabeça, no meio da zaga sueca que parecia ser composta por bonecões de olinda, nórdicos.

A final... Ah, a final. Minha avó Maria, quase oitenta anos, que acompanhou o Brasil desde menina em todas as copas, desde 1930, quase morreu naquele 17 de julho de 1994. Assistiu o jogo em casa, acompanhada do meu velho avô Zequinha, que nunca foi muito ligado em futebol mas era torcedor do São Cristóvão.

A bola chorou pra entrar. Só balançou o barbante nos pênaltis. Durante a partida, só pelo lado de fora, tendo beijado a trave algumas vezes. Minha mãe nunca assiste disputas de pênaltis. Foi pra janela, como sempre faz, quando elas começaram. Seu termômetro é o grito dos vizinhos. E aqui no Engenho da Rainha, de onde escrevo temporariamente, o som oscilava entre os gritos e o silêncio.

O vídeo a seguir é meio patético, pela narração do Galvão Bueno (sempre patético) e pelo tema da vitória (uma homenagem ao falecido Ayrton Senna). Mas serve pra lembrar da farra que o Brasil fez, 15 anos atrás.

http://www.youtube.com/watch?v=UAMMY7wYLvU

Veja! Até!

segunda-feira, julho 13, 2009

CADÊ O CHORORÔ DA CLASSE MÉDIA?

A tragédia é a mesma. Uma menina com cinco ou seis anos de idade caiu da janela do apartamento onde morava e morreu.

Mas a repercussão do caso da menina Rita de Cássia, ocorrido num condomínio popular do subúrbio do Rio de Janeiro, não é nem um pouco semelhante à que teve o caso anterior, o da menina Isabella Nardoni, ocorrido num condomínio de classe média-alta de um bairro rico de São Paulo.

É verdade que os pais de Rita de Cássia não são suspeitos. Ficou claro que eles deixaram a menina sozinha em casa por poucos minutos, tempo no qual se deu a tragédia. Já o pai e a madrastra de Isabella são suspeitos do caso. O mistério faz a notícia.

No entanto, a comparação entre os casos revela o classismo e o preconceito da maioria dos membros da classe média brasileira. Poucas pessoas demonstraram um décimo da comoção que demonstraram diante do caso Isabella Nardoni.



A mim parece claro: enquanto Isabella se parecia muito com as filhas da classe média brasileira, Rita de Cássia não. Enquanto Isabella morava num apartamento que lembra os apartamentos da classe média brasileira, Rita de Cássia não. Enquanto os pais de Isabella lembram os membros da classe média brasileira, os pais de Rita de Cássia não.

Que sociedade é essa que atribui maior ou menor valor à vida em função da classe social a que pertence essa vida?

Que sociedade é essa que chora, que reza, que pede missa, que leva flores a homenagear uma menina - filha de um homem suspeito de seu assassinato e de uma mulher que em vez de chorar a morte da filha foi para a internet se despedir da filha pelo orkut - e não chora, não reza, não pede missa nem leva flores a homenagear uma menina filha de pais honestos, trabalhadores e que estão claramente chocados com a morte da filha, ao contrário do casal anterior?

Que sociedade é essa?

sexta-feira, julho 10, 2009

MEUS TEXTOS POR AÍ

Não é de hoje que me surpreende a grande rede mundial de informações. Mas desde o momento em que me tornei um agente mais ativo dessa rede (refiro-me ao momento em que criei este blogue), as surpresas são maiores e mais frequentes.

A gente que escreve na internet dá a cara ao tapa. Se tem gente que registra comentários sobre o que escrevemos, dando também a cara ao tapa, a maioria dos leitores é silenciosa.

O contador de visitas deste blogue, instalado em fevereiro de 2008, registra até este momento aproximadamente 25 mil visitantes diferentes. O número de comentários aos textos é quase 500 vezes menor, cabendo ressaltar que muitos comentários vieram dos mesmos visitantes ou são meus mesmo em resposta aos que comentaram.

Está definitivamente claro que não é só quem comenta que lê. Muito mais gente lê o que escrevemos em nossos blogues.

O que me surpreendeu foi a replicação rápida das ideias aqui registradas. Já encontrei vários textos meus reproduzidos em outros blogues e sites, a maioria com a devida citação da fonte. Encontrei, também, referências a textos meus em páginas do site Wikipédia. Lembro agora de um texto que escrevi sobre Campinas e que foi citado no Wikipédia da Inglaterra em um texto sobre a cidade.

Dois textos que publiquei há menos de um mês também estão reproduzidos na íntegra por aí. Descobrir isso é fácil. A ferramenta básica é o Google mesmo.

Mas os emails e os comentários, as vezes, também trazem essas descobertas. No início dessa semana, um professor de geografia me escreveu um comentário em outro blogue que mantenho dizendo que uma aluna dele havia copiado um texto meu na íntegra pra usar como trabalho escolar. Já encontrei citações a um texto que escrevi sobre ciclones em trabalhos escolares de alunos de escolas em Portugal e daqui do Brasil mesmo.

É assim que funciona a grande rede. Você disponibiliza a informação e as pessoas acessam. Mesmo sabendo disso, não deixo de me surpreender a cada nova descoberta.

Até a próxima.

quinta-feira, julho 02, 2009

ENTERREM MICHAEL JACKSON!

Já faz uma semana, ou mais, sei lá, que o Michael Jackson morreu. É o destino de todos. Mas, em vez de enterrar o cabra, resolveram enfiar o sujeito no gelo. Depois de decidir - se é que não mudarão de ideia - onde será o velório, a família de Michael - se é que aquilo é familia - vai obrigá-lo a fazer sua última apresentação ao público antes de dá-lo aos vermes.

Não sei, não. Eu estou achando que o velho Joe Jackson, que não levou um tostão furado do testamento do filho prodígio, vai armar uma fila na porta da Terra do Nunca e cobrar uma fortuna prometendo ao público o último moonwalk do garoto. É só o que falta.