terça-feira, agosto 28, 2007

DEVASTAÇÃO NA SERRA DA MISERICÓRDIA

A Serra da Misericórdia faz parte do complexo granítico do Maciço da Tijuca e está localizada no subúrbio do Rio de Janeiro. Ela está no centro geográfico que separa os bairros de Inhaúma, Engenho da Rainha (ao sul); Del Castilho, Bonsucesso, Ramos e Olaria (a leste); Penha e Brás de Pina (ao norte); e Vila da penha, Vila Kosmos, Vicente de Carvalho e Thomás Coelho (a oeste).

A imagem abaixo (tecnologia Google Earth) revela a devastação que a exploração de granito, presente na região há décadas, está provocando na paisagem da serra. A favelização periférica também é um processo nítido na imagem que se segue, incluindo o famigerado Complexo do Alemão, palco das mais intensas ações policiais desse ano de 2007.



Será que o Estado não vê o que acontece por aqui?

Clique na foto para ver em detalhe.

Um abraço solidário!

segunda-feira, agosto 27, 2007

SER NEGRO NO BRASIL HOJE.

Publicado por Milton Santos, na Folha de São Paulo, em 07/05/2000.

.................................

Há uma freqüente indagação sobre como é ser negro em outros lugares, forma de perguntar, também, se isso é diferente de ser negro no Brasil. As peripécias da vida levaram-nos a viver em quatro continentes, Europa, Américas, África e Ásia, seja como quase transeunte, isto é, conferencista, seja como orador, na qualidade de professor e pesquisador.

Desse modo, tivemos a experiência de ser negro em diversos países e de constatar algumas das manifestações dos choques culturais correspondentes. Cada uma dessas vivências foi diferente de qualquer outra, e todas elas diversas da própria experiência brasileira. As realidades não são as mesmas.

Aqui, o fato de que o trabalho do negro tenha sido, desde os inícios da história econômica, essencial à manutenção do bem-estar das classes dominantes deu-lhe um papel central na gestação e perpetuação de uma ética conservadora e desigualitária. Os interesses cristalizados produziram convicções escravocratas arraigadas e mantêm estereótipos que ultrapassam os limites do simbólico e têm incidência sobre os demais aspectos das relações sociais. Por isso, talvez ironicamente, a ascensão, por menor que seja, dos negros na escala social sempre deu lugar a expressões veladas ou ostensivas de ressentimentos (paradoxalmente contra as vítimas).

Ao mesmo tempo, a opinião pública foi, por cinco séculos, treinada para desdenhar e, mesmo, não tolerar manifestações de inconformidade, vistas como um injustificável complexo de inferioridade, já que o Brasil, segundo a doutrina oficial, jamais acolhera nenhuma forma de discriminação ou preconceito.

Agora, chega o ano 2000 e a necessidade de celebrar conjuntamente a construção unitária da nação. Então é ao menos preciso renovar o discurso nacional racialista. Moral da história: 500 anos de culpa, 1 ano de desculpa. Mas as desculpas vêm apenas de um ator histórico do jogo do poder, a Igreja Católica! O próprio presidente da República considera-se quitado porque nomeou um bravo general negro para a sua Casa Militar e uma notável mulher negra para a sua Casa Cultural. Ele se esqueceu de que falta nomear todos os negros para a grande Casa Brasileira. Por enquanto, para o ministro da Educação, basta que continuem a freqüentar as piores escolas e, para o ministro da Justiça, é suficiente manter reservas negras como se criam reservas indígenas.

A questão não é tratada eticamente. Faltam muitas coisas para ultrapassar o palavrório retórico e os gestos cerimoniais e alcançar uma ação política conseqüente. Ou os negros deverão esperar mais outro século para obter o direito a uma participação plena na vida nacional? Que outras reflexões podem ser feitas, quando se aproxima o aniversário da Abolição da Escravatura, uma dessas datas nas quais os negros brasileiros são autorizados a fazer, de forma pública, mas quase solitária, sua catarse anual?

No caso do Brasil, a marca predominante é a ambivalência com que a sociedade branca dominante reage, quando o tema é a existência, no país, de um problema negro. Essa equivocação é, também, duplicidade e pode ser resumida no pensamento de autores como Florestan Fernandes e Octavio Ianni, para quem, entre nós, feio não é ter preconceito de cor, mas manifestá-lo.

Desse modo, toda discussão ou enfrentamento do problema torna-se uma situação escorregadia, sobretudo quando o problema social e moral é substituído por referências ao dicionário. Veja-se o tempo politicamente jogado fora nas discussões semânticas sobre o que é preconceito, discriminação, racismo e quejandos, com os inevitáveis apelos à comparação com os norte-americanos e europeus. Às vezes, até parece que o essencial é fugir à questão verdadeira: ser negro no Brasil o que é?

Talvez seja esse um dos traços marcantes dessa problemática: a hipocrisia permanente, resultado de uma ordem racial cuja definição é, desde a base, viciada. Ser negro no Brasil é freqüentemente ser objeto de um olhar vesgo e ambíguo. Essa ambigüidade marca a convivência cotidiana, influi sobre o debate acadêmico e o discurso individualmente repetido é, também, utilizado por governos, partidos e instituições. Tais refrões cansativos tornam-se irritantes, sobretudo para os que nele se encontram como parte ativa, não apenas como testemunha. Há, sempre, o risco de cair na armadilha da emoção desbragada e não tratar do assunto de maneira adequada e sistêmica.

Que fazer? Cremos que a discussão desse problema poderia partir de três dados de base: a corporeidade, a individualidade e a cidadania. A corporeidade implica dados objetivos, ainda que sua interpretação possa ser subjetiva; a individualidade inclui dados subjetivos, ainda que possa ser discutida objetivamente. Com a verdadeira cidadania, cada qual é o igual de todos os outros e a força do indivíduo, seja ele quem for, iguala-se à força do Estado ou de outra qualquer forma de poder: a cidadania define-se teoricamente por franquias políticas, de que se pode efetivamente dispor, acima e além da corporeidade e da individualidade, mas, na prática brasileira, ela se exerce em função da posição relativa de cada um na esfera social.


Costuma-se dizer que uma diferença entre os Estados Unidos e o Brasil é que lá existe uma linha de cor e aqui não. Em si mesma, essa distinção é pouco mais do que alegórica, pois não podemos aqui inventar essa famosa linha de cor. Mas a verdade é que, no caso brasileiro, o corpo da pessoa também se impõe como uma marca visível e é freqüente privilegiar a aparência como condição primeira de objetivação e de julgamento, criando uma linha demarcatória, que identifica e separa, a despeito das pretensões de individualidade e de cidadania do outro. Então, a própria subjetividade e a dos demais esbarram no dado ostensivo da corporeidade cuja avaliação, no entanto, é preconceituosa.


A individualidade é uma conquista demorada e sofrida, formada de heranças e aquisições culturais, de atitudes aprendidas e inventadas e de formas de agir e de reagir, uma construção que, ao mesmo tempo, é social, emocional e intelectual, mas constitui um patrimônio privado, cujo valor intrínseco não muda a avaliação extrínseca, nem a valoração objetiva da pessoa, diante de outro olhar. No Brasil, onde a cidadania é, geralmente, mutilada, o caso dos negros é emblemático. Os interesses cristalizados, que produziram convicções escravocratas arraigadas, mantêm os estereótipos, que não ficam no limite do simbólico, incidindo sobre os demais aspectos das relações sociais. Na esfera pública, o corpo acaba por ter um peso maior do que o espírito na formação da socialidade e da sociabilidade.


Peço desculpas pela deriva autobiográfica. Mas quantas vezes tive, sobretudo neste ano de comemorações, de vigorosamente recusar a participação em atos públicos e programas de mídia ao sentir que o objetivo do produtor de eventos era a utilização do meu corpo como negro -imagem fácil- e não as minhas aquisições intelectuais, após uma vida longa e produtiva.

Sem dúvida, o homem é o seu corpo, a sua consciência, a sua socialidade, o que inclui sua cidadania. Mas a conquista, por cada um, da consciência não suprime a realidade social de seu corpo nem lhe amplia a efetividade da cidadania. Talvez seja essa uma das razões pelas quais, no Brasil, o debate sobre os negros é prisioneiro de uma ética enviesada. E esta seria mais uma manifestação da ambigüidade a que já nos referimos, cuja primeira conseqüência é esvaziar o debate de sua gravidade e de seu conteúdo nacional.

Enfrentar a questão seria, então, em primeiro lugar, criar a possibilidade de reequacioná-la diante da opinião, e aqui entra o papel da escola e, também, certamente, muito mais, o papel freqüentemente negativo da mídia, conduzida a tudo transformar em faits-divers, em lugar de aprofundar as análises. A coisa fica pior com a preferência atual pelos chamados temas de comportamento, o que limita, ainda mais, o enfrentamento do tema no seu âmago. E há, também, a displicência deliberada dos governos e partidos, no geral desinteressados do problema, tratado muito mais em termos eleitorais que propriamente em termos políticos. Desse modo, o assunto é empurrado para um amanhã que nunca chega.


Ser negro no Brasil é, pois, com freqüência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros e assim tranqüilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver "subido na vida".


Pode-se dizer, como fazem os que se deliciam com jogos de palavras, que aqui não há racismo (à moda sul-africana ou americana) ou preconceito ou discriminação, mas não se pode esconder que há diferenças sociais e econômicas estruturais e seculares, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil.

quarta-feira, agosto 22, 2007

UM PULO NO IRAJÁ

Tive a felicidade de ir dar um abraço no meu sogro pelo seu aniversário. Uma figura ímpar, o seu Omir de Lima Campos Filho, ou Mizoca, como é conhecido pelos amigos. Nascido no Irajá nos idos da década de 1940, formou-se pedagogo, tornando-se um educador de primeira linha. Já ajudou milhares de alunos a passar para concursos públicos na área de educação. Sempre atualizado, conhece a história da educação brasileira de ponta a ponta, sem ignorar os detalhes da jovem Lei de Diretrizes e Bases (LDB), do final da década de 1990.

Serviu ao exército sem deixar-se idiotizar, sem alienar-se pela ditadura. Trabalhou na Amazônia, na instalação do Projeto Calha Norte de segurança de fronteiras, e conheceu os caboclos dessas terras, aprendendo suas sabedorias. Viveu experiências no Subúrbio do Rio, de arrepiar os cabelos dos mais carecas. Conhece os maiores recantos dessa cidade e da Baixada. Entende mais de boemia do que o Papa entende de missa. E até hoje ele dorme com uma 22 debaixo do travesseiro.

Fizemos, eu e a digníssima, sinal pro amarelinho e partimos pro Irajá. Fomos recebidos com as boas vindas de sempre. Abraços muito fortes, muita gente em plena noite de terça, muitos amigos. No balcão, comida suficiente para alimentar com folga uma divisão inteira de pára-quedistas famintos depois de saltar atrás das linhas de defesa dos alemães na Normandia, em 6 de junho de 1944. É sempre assim. E sempre rola por parte da rapaziada da cozinha aquele exercício de humildade, perguntando se a comida está boa.

Embora a comida seja invariavelmente espetacular, eles sempre dizem que não está bom. Mas quem não come pelo menos 3 pratos só pode estar com a intenção de ofender. Fora isso, é impossível não cair dentro. A carne assada recheada, o conjunto de coxa e sobrecoxa de frango (que tempero!), o feijão, a farofa (deuses, a farofa!), o talharim e até a salada de cenoura com vagem e azeitonas pretas. Tudo imperdível. Laranja partida e manga fatiada pra acompanhar. Doce de banana pra fechar a tampa. Latinhas de Brahma, pra quem é de boa-noite, e litros de coca-cola, pra quem é de bom-dia.

Fora isso, o mais belo hábito suburbano. O bom papo entre amigos, em família, no terreiro que eles chamam de Doce Refúgio, abençoado pelo retrato do mestre Nei Lopes, primo e compadre do velho Mizoca.

Chega o Fagner. Advogado brilhante, talentoso e amigo do Luis Henrique. Formaram-se juntos na Nacional, numa época em que o Caco respirou boemia e inteligência sob o comando da turma desses dois. Além de simpósios de direito crítico, o Caco promoveu rodas de samba naquele largo de frente pro Campo de Sant’Anna, num movimento digno da cidade abençoada pelo santo crivado de flechas. Com a saída deles o Caco foi dominado pela escumalha reacionária da Barra, que pretende transformar o Rio em Miami.

Mas o Fagner é o melhor imitador que eu conheço. São rigorosamente perfeitas as imitações do Lula, do Alexandre Frota e do Clodovil. A risada do Zacarias e a expressão facial do Stallone são impagáveis! Ele chega e em 5 minutos já é o centro das atenções, de forma espontânea, sem pedir palmas pra ninguém. Chegou com pinta de galã, vestimenta digna de um advogado que carrega o pomposo nome de Fagner Dustin Gamonal Barra. O Osni, meu cunhado, nos chamou num canto, encostou na parede e disse o seguinte:

- Cuidado com esse cara, ai!. Se ele começar a contar a história triste dele, é melhor encostar o reto na parede, senão ele te traça, hein! Ele leva tudo! Eu já tô protegido aqui nessa pilastra!

Depois do papo, da brincadeira, da sacanagem camarada, e da comida, é claro, partimos de volta pra Tijuca, descendo aquela rua do Irajá e observando as fachadas dos prédios. Todos antigos, entradas decoradas com azulejos ou pastilhas e frondosas árvores no jardim. Nada daquelas fachadas frias de vidro verde ou fumê que rodeiam a Lagoa. Gente sentada com cadeira de praia na calçada, salvando, dos ácaros do fundo das gavetas, os gorrinhos e luvas, pra se proteger do frio da noite que caía sobre aquela colina.

Partimos, cruzando o subúrbio, e observando que ele tem vida, embora às vezes agonize pela falta de cuidados. Sentindo que ele ainda pulsa no passo marcado dos mestres-salas dos arrancos e ranchos, no compasso da buzina dos confeiteiros, que trazem o pão, o bolo e o cuscuz na porta de casa e no ritmo do giro dos motores dos ônibus que se transformam em sacolões ambulantes nos dias sem feira.

Revivendo as suas tradições na alegria dos blocos carnavalescos das piranhas, na malandragem dos balcões dos bares de esquina e na correria das crianças no dia de Cosme e Damião, o doce dia em que o subúrbio se reproduz, imortalizando sua alma na formação de novos suburbanos, que hão de garantir a perpetuação dessas e outras tradições do coração do Rio.

Porque resistir é preciso e não nos furtaremos dessa luta!

Um Abraço Solidário!

terça-feira, agosto 21, 2007

HISTÓRIA PARA NINAR CASSUL-BUANGA

Poema de Nei Lopes (com acopanhamento de marimbas)

Um dia, Cassul-Buanga, alguns chegaram:
A pólvora no peito, uma bússola nos olhos
E as caras inóspitas vestidas de papel

Vieram numa nau de velas caras,
Bordadas de cifrões.
Suas mãos eram de ferro
E falavam um dialeto
De medo e ignorância.

E fomos.
Amontoados, confundidos, fundidos, estupefatos
Nossas dignidades eram dadas mar atrás
Aos peixes.

Chegamos:
Nosso suor foi o doce sumo de suas canas
- nós bagaços.
Nosso sangue eram as gotas de seu café
- nós borras pretas.
Nossas carapinhas eram nuvens de algodão,
Brancas,
Como nossas negras dignidades
Dadas aos peixes.
Nossas mãos eram sua mão-de-obra.

Mas vivemos, Cassul. E cantamos um blues!
E na roda de samba
De roda
Dançamos.
Nossos corpos tensos
Nossos corpos densos
Venceram quase todas as competições.
Nossos poemas formaram um grande rio.
E amamos e nos demos.
E nos demos e amamos.
E de nós fez-se um mundo.

Hoje, Cassul, nossas mulheres
- os negros ventres de veludo –
Manufaturam, de paina, de faina
Os travesseiros
Onde nossos filhos,
Meninos como você, Cassul-Buanga,
Hão de sonhar um sonho tão bonito...
Porque Zâmbi mandou. E está escrito.


Extraído de LOPES, Nei. Incursões sobre a pele. Rio de Janeiro, Artium, 1996.

sábado, agosto 04, 2007

REVERBERANDO NOAM CHOMSKY

Tomando meu café da manhã nesta última quinta-feira, dei de cara com uma revista na banca que, com letras chamativas num tom laranja fluorescente, destacava o nome de Noam Chomsky, renomado lingüista e crítico fervoroso da doutrina Bush.

Era a revista Cult.

Eu nunca gastei um centavo sequer comprando essa revista, que já está há dez anos em circulação, pois o nome não me agrada. Tenho certa aversão a essa coisa "Cult" badalada por pseudo-intelectuais que citam dezenas de autores, muitas vezes sem conhecê-los a fundo, só pra tirar a chifra de que sabem das coisas.

Mas como já conhecia algo do Chomsky, tendo analisado alguns de seus trabalhos sobre linguística e lido seu prefácio para o livro "Iraque: plano de guerra" de Milan Rai, decidi comprar a revista e ler a entrevista.

Refletindo sobre o papel que a grande imprensa vem fazendo no Brasil atual e sobre o movimento "Basta" ou "Cansei", capitaneado pelo elitista João Doria Jr., identifiquei algumas idéias que creio serem úteis nesse contexto. Vejam só:

"O único modo de lidar com o fanatismo ideológico é ignorá-lo e concentrar a atenção em pessoas que têm a mente suficientemente aberta para dar importância a evidências e argumentos".

"Quanto ao discurso ideológico conservador, vale a pena ter em mente que algumas das mais extremas e irracionais defesas da agenda política nesses pontos (terrorismo) é produzida por pessoas que se definem como liberais e social-democratas".

"De maneira geral, as decisões sobre economia, vida política e social e outras questões são fortemente influenciadas, de diversas maneiras, pelo poder econômico concentrado. Mas forças populares empenhadas e comprometidas têm muitas oportunidades de modificar políticas e de mudar ou mesmo de desmantelar estruturas institucionais que passarem a considerar ilegítimas. E os sistemas de poder estão conscientes disso".

"Não precisamos aceitar as tiranias".

"Felizmente, muitas pessoas não abandonaram a esperança, e não há razão para fazê-lo hoje".

..........................................................

Não há dúvidas de que Chomsky não é um reacionário. Mas algumas destas frases, assim, soltas, podem fornecer elementos para os reacionários que, utilizando seu poder econômico, político e informacional, vêm promovendo uma sistemática campanha contra o governo.

O que pretende a reveista Cult quando destaca em sua capa: "Não precisamos aceitar as tiranias"?

quarta-feira, agosto 01, 2007

TRANSPONDER E MANETE: A CULPA É DO LULA

O título e texto são de Paulo Henrique Amorim, publicados no dia 28/07/2007 no site Conversa Afiada. Veja aqui a postagem original, com as ilustrações.

._.-._.-._.-._.-._.-._.-._.-._.-._.-._.-._._.-._.-._.-._.-._.-._.-._.-._.

O repórter Marcio Aith, na edição da Veja desta semana, diz que o comandante Kleyber Lima, que pilotava o avião da TAM, cometeu o seguinte erro: "o manete direito da turbina que estava com o reverso travado continuou na posição de 'aceleração'. Com isso, enquanto a turbina esquerda tentava frear o avião, a direita o empurrava para a frente. O piloto, então, perdeu o controle."

. Marcio Aith diz que não havia “aquaplanagem” – aquela história da moedinha na chuva do Rodrigo Bocardi, no Jornal Nacional ... A moedinha do Bocardi precisará ter outra destinação: não foi responsável pela queda do avião da TAM.

. Marcio Aith diz também que, se a pista não fosse tão curta, não teria havido desastre.

. Ele tem toda a razão: se a pista de Congonhas se emendasse com a pista de Guarulhos, que, por sua vez, se estivesse colada a uma ponta da pista do aeroporto de Viracopos, a certa altura, o avião parava.

. E a pista do Santos Dumont ? – o Marcio Aith poderia recomendar a construção de uma extensão da pista, uma pista inclinada, ascendente, que fizesse com que os paulistas que chegassem ao maravilhoso Santos Dumont desembarcassem direto no finger do bondinho do Pão de Açúcar, e admirassem aquela maravilhosa paisagem, do alto.

. O Airbus da TAM, segundo Aith, precisava de uma pista mais longa.

. Não foi o que aconteceu em outros dois vôos anteriores que o mesmo avião fez, naquele mesmo dia, com mais chuva. Foram pousos normais.

. Nos últimos seis anos, Congonhas operou 1,5 milhão de pousos e decolagens.

. Ninguém sentiu falta de pista mais longa.

. É preciso tomar a reportagem de Aith com um grão de sal.

. Ele é o autor daquela famosa “reportagem” co-assinada por Daniel Dantas, que provou a existência de contas secretas do Presidente Lula e do Dr. Paulo Lacerda.

. (Aliás, a investigação da Polícia (Republicana) Federal sobre essa associação editorial parece que não acaba nunca.)

. Vamos SUPOR, apenas SUPOR que a reportagem de Aith, dessa vez, esteja certa.

. O golpe da mídia conservadora (e golpista) chegou ao seu objetivo.

. O Governo Lula curvou-se à mídia e à Globo.

. Lula fez um pronunciamento à Nação, na verdade, dirigido à Globo.

. Nomeou o General Patton para o Ministério da Defesa.

. Que não poderia ser mais indelicado com Waldir Pires na cerimônia de transmissão do cargo...

. Nelson Jobim começou a trabalhar a campanha da Sicília com o presidente eleito José Serra, a quem deu posse numa solenidade no Palácio dos Bandeirantes, e celebrou num almoço neste sábado.

(Clique aqui para ler que Serra já assumiu a co-presidência e clique aqui para ver como o Conversa Afiada desde logo percebeu que o presidente de Jobim era Serra e não Lula.)

. José Serra assumiu a co-presidência e vai espetar nas costas do contribuinte federal umas pequenas obras em São Paulo que os magistrais administradores tucanos devem aos paulistas há décadas.

. A mídia conservadora (e golpista) celebra hoje a trapalhada dos controladores que liberaram e desliberaram a pista de Congonhas.

. Uma trapalhada que levou seis minutos.

. Mas a mídia conservadora (e golpista) tratou o assunto como se fosse uma outra lambança do Presidente Lula.

. Mas, pergunta-se: quem era o Ministro da Defesa, ONTEM: já não era o General Patton ?



Em tempo: segundo Mauricio Dias, diretor-adjunto da Carta Capital, também é do Lula a responsabilidade pela queda de um aviãozinho de propaganda que caiu na praia do Leblon, no Rio, no fim de semana passado. Os surfistas, provavelmente eleitores de Cesar Maia, salvaram o piloto - mas, não há dúvida: a culpa é da "crise" aérea.

Em tempo 2: o iG e o Uol dizem a que a falha do piloto foi a “causa inicial”. Interessante: qual será a causa final ? O Lula ?