quarta-feira, dezembro 20, 2006

SOBRE O ENSINO DE GEOGRAFIA FÍSICA

Abancado à escrivaninha na minha casa, de onde escrevo para este blog, faço uso de algumas das maravilhas tecnológicas produzidas pela revolução da informação para falar de um tema que, em princípio, não possui a menor relação com o surgimento do meio tecnocientífico-informacional: o ensino de geografia física. Pelo menos aparentemente esta relação não existe. Como veremos mais adiante, apenas aparentemente.

Trabalhando desde 2003 com o ensino da Geografia, tenho percebido algo que vem me deixando um tanto intrigado. Ao abordar os assuntos ligados a geografia física nas turmas de ensino fundamental, fica claro que é com entusiasmo que os alunos recebem as informações que sistematizamos para passarmos a eles. Tudo parece novo, mágico, instigante e somos bombardeados com milhões de perguntas (às vezes feitas ao mesmo tempo e aos berros, diga-se de passagem) e curiosidades que perturbam as almas dos nossos pequenos anjos/demônios.

No entanto, o mesmo recorte temático encontra receptividade bem diferente se o grupo a trabalhar pertence a turmas do ensino médio. Falar em receptividade é quase um exagero, pois em geral o que há é a execração total do assunto pela maior parte dos estudantes deste segmento. Nas turmas de pré-vestibular, tenho sorte de só trabalhar este assunto nas primeiras semanas do ano, quando o ânimo e a disposição deles é grande. Se estas fossem as últimas aulas do calendário, quando o cansaço daqueles que se dedicaram é nítido, provavelmente, as turmas seriam formadas por alguns desavisados que foram pra aula sem sequer saber previamente qual era o tema da semana. Eis, então, o que me incomoda profundamente: o que será que provoca esta transformação na visão geral dos alunos sobre a geografia física?

Este eixo temático, em comparação com os outros eixos abarcados pela ciência geográfica, parece ser aquele que possui a maior quantidade de explicações mecânicas, onde a dinâmica da natureza e seus princípios físico-químicos exercem predomínio. Processos como abalos sísmicos, subducção, diastrofismo e o mecanismo de aquecimento da atmosfera exigem ao professor uma grande aproximação com as ciências da natureza.

Não tenho resposta para tal questionamento e nem possuo tal pretensão, mas minha inquietação me conduz a buscar ao menos uma teoria, seja ela absurdamente descabida ou minimamente aceitável.

Creio que os pequenos pré-adolescentes do ensino fundamental, portadores de visão ainda bastante maniqueísta, buscam ansiosamente pela verdade absoluta, pelo que é certo e pelo que é definitivamente errado. Entendem que a ciência é a única capaz de fornecer-lhes esta verdade. Quando, então, nos apropriamos da linguagem científica para explicar os fenômenos fisiográficos, o professor transforma-se numa poderosa referência e eles desandam a perguntar tudo o que lhes vêm à mente. Geralmente a pergunta começa com um "é verdade que...", e assim vai.

Já os jovens do ensino médio parecem muito mais interessados em tramas e fatos do jogo político internacional. Guerras, informações especiais sobre guerra fria e espionagem industrial soam como música para seus ouvidos. Já a mecânica da geografia física soa como um ruído irritante. Acredito, neste caso, que a busca pelo amadurecimento intelectual, a possibilidade de ter recursos para discutir questões polêmicas, possuir visão e opinião política, podem ser agentes determinantes nesta transformação.

Neste ano de 2006, o uso de ferramentas tecnológicas no ensino de geografia física abriu uma outra perspectiva em minha experiência profissional. Percebi que com a tecnologia é possível provocar nos estudantes um novo encantamento com a dinâmica da natureza. A própria geografia física evoluiu muito a partir dessas novas tecnologias e acredito que esta pode ser uma solução para enfrentar a aversão claramente manifestada pelos alunos.

No mais, gosto é algo que não se discute. E você, leitor? Gosta de Geografia Física ou não?

Um Grande abraço!

8 comentários:

Luiz Antonio Simas disse...

Rapaz, eu só não fiz geografia exatamente por causa da geografia física, que me causava engulhos. Sou do time do não.
Forte abraço.

Henrique Eldinias disse...

Fala meu camarada! Mto legal o seu blog! A propósito estou começando um também. Na verdade ele não tem um tema ou segmento. Lá eu coloco de tudo e vou deixar que todos escrevam também. Mas é basicamente sobre vulgarização de cultura e ciência. Então cabe tudo lá. E vc está convidado a escrever textos para o "_vulgarize".

Mas que tipos de ferramentas tecnológicas vc utiliza na sua profissão?

Abraço e parabéns pelos textos, vc escreve muito bem!

Diego Moreira disse...

Simão!! Valeu pelo comentário de estréia aqui no blog. Espero apareça sempre!! Você enriquece este espaço!

Henrique!! As ferramentas que uso estão ligadas ao acesso à internet como o Google Earth e outras disponibilizadas pelo colégio como projeções e um quadro digital chamado "White Board" onde posso exibir mapas em 3D, viajar pelo sistema solar exibir vídeos sobre a formação dos planetas e mais...
Vou aparecer no teu blog, é certo. Depois me explica como escrevo lá por que eu não sei mexer nessas coisas direito.
Abração!!

Anônimo disse...

Fala mano! Ainda tenho a eterna curiosidade infantil, aguçada e febril, de querer saber todos os "porquês" dessa vida! Tudo bem que me basta só uma aproximação com as ciências naturais (dessas não gosto nadinha!) - e pouca! Mas de resto, sempre gostei da Geografia, em tudo que ela nos permite conhecer. Um beijo tecnológico! rs

Anônimo disse...

Gostei do blog,mas nao entendo muito a geografia física. to estudando geografia mas não era exatamente isso que eu queria!! mas enfim vou m dedicar mais um pouco p aprender!! há m formo em junho!! um abraço

Anônimo disse...

ADOREI O BLOG, MUITO CRIATIVO!ME ENSINA O QUE VC SABE(SRRSRSRSRS) POIS ESTUDO GEOGRAFIA,MAS NAO É EXATAMENTE O MEU INTERESSE,MAS ENFIM QUERO M APROFUNDAR MAS!!!

Anônimo disse...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu

UFC disse...

fala diego, a geografia é uma ciência tão bonita que eu ainda nem consigo ter a certeza sobre o que eu mais gosto nela. mas eu sou do time dos gostam e muito da parte física. vlw cara!! estou sempre aki!
geografia é amor!