sábado, agosto 04, 2007

REVERBERANDO NOAM CHOMSKY

Tomando meu café da manhã nesta última quinta-feira, dei de cara com uma revista na banca que, com letras chamativas num tom laranja fluorescente, destacava o nome de Noam Chomsky, renomado lingüista e crítico fervoroso da doutrina Bush.

Era a revista Cult.

Eu nunca gastei um centavo sequer comprando essa revista, que já está há dez anos em circulação, pois o nome não me agrada. Tenho certa aversão a essa coisa "Cult" badalada por pseudo-intelectuais que citam dezenas de autores, muitas vezes sem conhecê-los a fundo, só pra tirar a chifra de que sabem das coisas.

Mas como já conhecia algo do Chomsky, tendo analisado alguns de seus trabalhos sobre linguística e lido seu prefácio para o livro "Iraque: plano de guerra" de Milan Rai, decidi comprar a revista e ler a entrevista.

Refletindo sobre o papel que a grande imprensa vem fazendo no Brasil atual e sobre o movimento "Basta" ou "Cansei", capitaneado pelo elitista João Doria Jr., identifiquei algumas idéias que creio serem úteis nesse contexto. Vejam só:

"O único modo de lidar com o fanatismo ideológico é ignorá-lo e concentrar a atenção em pessoas que têm a mente suficientemente aberta para dar importância a evidências e argumentos".

"Quanto ao discurso ideológico conservador, vale a pena ter em mente que algumas das mais extremas e irracionais defesas da agenda política nesses pontos (terrorismo) é produzida por pessoas que se definem como liberais e social-democratas".

"De maneira geral, as decisões sobre economia, vida política e social e outras questões são fortemente influenciadas, de diversas maneiras, pelo poder econômico concentrado. Mas forças populares empenhadas e comprometidas têm muitas oportunidades de modificar políticas e de mudar ou mesmo de desmantelar estruturas institucionais que passarem a considerar ilegítimas. E os sistemas de poder estão conscientes disso".

"Não precisamos aceitar as tiranias".

"Felizmente, muitas pessoas não abandonaram a esperança, e não há razão para fazê-lo hoje".

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Não há dúvidas de que Chomsky não é um reacionário. Mas algumas destas frases, assim, soltas, podem fornecer elementos para os reacionários que, utilizando seu poder econômico, político e informacional, vêm promovendo uma sistemática campanha contra o governo.

O que pretende a reveista Cult quando destaca em sua capa: "Não precisamos aceitar as tiranias"?

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