sábado, julho 03, 2010

O SUBÚRBIO É SÓ ALMA

O corpo agoniza e apodrece. As ruas são as mais esburacadas e as menos iluminadas. O Estado parece completamente ausente. Andar por seus caminhos no negrume da noite é experiência de apreensão, no mínimo, pra ser bastante eufemista. Há tempos que o corpo do Sertão Carioca agoniza de abandono e descaso.

Mas sua alma parece resistir.

O telefone toca na casa do suburbano. O cunhado faz aniversário. E o convite é para um lanchinho em Irajá. Tijuca, Noel Rosa, Jacaré, Del Castilho, Inhaúma, Engenho da Rainha, Thomás Coelho, Vicente de Carvalho e, finalmente, Irajá. Chegamos.

Mesas abertas, conversa fiada e o "lanchinho" no balcão. Saca só a escalação:

Costelinha de porco, Moela, Mocotó e Batata calabresa. Jiló com bacon, Sopa de ervilha e Caldo de sururu. Tudo em panela de 10 litros com reposição pra noite toda.

DVD do Dudu Nobre rolando solto, e quando eu cheguei ele cantava uns sambas do João da Bahiana. Rolou também um Zeca, que a casa é de Brahmeiro, amor!

Me perguntaram: trouxe o 7 cordas?

Fui buscar na mala do carro. Armaram o barraco com cavaco, pandeiro, tan-tan e tamborim, além do violão e do meu 7 cordas.

E fez-se o Samba do Irajá. Autêntico, espontâneo, improvisado, sem repertório programado e, graças aos deuses, sem purismo! Do jeito "missa campal do povo brasileiro", como diz o caboclo Aldir Blanc (saravá!), com o povo cantando em volta.

A alma está viva! Está viva!

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom Diegão...