sábado, junho 09, 2007

EGOÍSMO VERSUS SOLIDARIEDADE

Depois que comecei a estudar e entender um pouco do jogo sujo do comércio internacional, convenci-me de que o egoísmo é mais do que o mal do século. É o grande mal da humanidade. No centro de todas as mazelas e desarmonias que se manifestam no planeta, o egoísmo impera, soberano, como agente causal, partindo do espírito humano o impulso que forja tais deturpações.

Minha reflexão nasce a partir da análise do desequilíbrio do comércio internacional, responsável pelos quadros de opulência e miséria que contrastam não só países mas, também, elementos de uma mesma sociedade nacional, já que a desigualdade de classes é um dos fundamentos basilares do sistema que nos sustenta, nos usa, despreza, oprime, deprime e consome.

No entanto, os estudos pormenorizados, críticos, da mesma temática, focados em outros eixos de exame além do comércio internacional, tendem a apontar o mesmo elemento como causa.

Pausa: escrevo esse texto motivado pela coerente análise acerca dos nacionalismos feita por Arnaldo Heredia nesse texto aqui. Como ele fala dos nacionalismos, minha análise transcendente ao comércio focará este tema.

Como bem disse o Arnaldo, os nacionalismos têm origem, muito mais em interesses políticos e econômicos do que étnicos ou religiosos. Mesmo no Oriente Médio, onde há muita perseguição religiosa, os nacionalismos possuem forte base territorial e na disputa por recursos naturais. O controle de nascentes de rios, de um litoral mais extenso ou de petróleo são motivações comuns para guerras e terrorismo. A desumanidade floresce no seio dessas disputas ignóbeis. A intolerância religiosa torna apenas mais sujas essas contendas. E o que está por trás desses interesses arregimentadores da guerra, senão o egoísmo?

As mais diversas formas de relações de poder têm o sentimento egoístico como o mais puro e refinado substrato. Os conflitos étnicos pós-independências no continente africano sustentam-se na disputa pelo controle dos recursos naturais como eu disse aqui, em 15 de janeiro; em Ulster, a minoria protestante apoiada pela coroa britânica é detentora dos meios de produção, das melhores terras, das residências nos melhores bairros, em detrimento da maioria católica; em Kosovo, a impávida avidez pelo poder e pela independência conduziu os kosovares à limpeza étnica praticada pela Sérvia, que, por sua vez, movida pelo mesmo desejo recusou-se a conceder a liberdade aos kosovares.

E, camuflado entre as evidências de cada uma dessas pelejas, o egoísmo manifesta-se como a verve de tudo.

Prolongar a exemplificação seria inútil posto que o princípio está à vista. Não pretendo tornar mecânica a argumentação que deve, fundamentalmente, ser dotada de humanidade para não ser incoerente com a tese defendida.

Creio, portanto, em caráter peremptório, que nada pode ser dotado de energia mais destrutiva, do que o que se move sob o estímulo egoístico. Que o comércio internacional, os nacionalismos, a (des)ordem mundial e todas as matrizes que colorem essa globalização perversa, de texturas repugnantes, só deixarão de criar as mazelas e desarmonias desses dias menos interessantes em que vivemos, quando forem baseadas no princípio de solidariedade.

Por isso, e com ênfase maior do que nunca, me despeço deixando o de sempre:

Um Abraço Solidário!

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