quarta-feira, julho 18, 2007

O PODER DA INFORMAÇÃO

Nesses dias em que a imprensa parece muito ocupada com o Pan e, agora, com a tragédia do aeroporto de Congonhas, passa, quase sem ser percebido, um tema relevante para a geopolítica mundial, que é a ocupação anglo-americana no Iraque.

E nesses dias o poder da informação se manifesta com maior intensidade. Explico. O congresso americano está em pleno processo de discussão da retirada das tropas americanas do solo iraquiano. Situação e oposição manifestam suas opiniões, sendo que a situação possui um importante número de adeptos da continuidade da presença militar dos Estados Unidos na região e a oposição possui mais representantes contrários a essa permanência.

Em meio a esse embate surge, de forma não menos suspeita do que inesperada, a notícia de que a milícia terrorista comandada por Osama bin Laden, a Al Qaeda, estaria planejando novos atentados em solo americano. E o efeito dessa informação se revela capaz de transformar radicalmente as opiniões, do público e de alguns políticos.

O pânico gerado pela possibilidade de vivenciar algo semelhante ou mesmo mais intenso do que os ataques de 11 de setembro de 2001 faz com que muitas pessoas acreditem que uma política pautada no uso da força, a exemplo da doutrina Bush, seria a melhor forma de evitar novas catástrofes através da intimidação.

E um aspecto fundamental e inalienável a essa discussão é o fato de que não importa como essa informação foi produzida. Sendo falsa ou não, cabe a quem suspeita da falsidade, ou seja, a oposição, o ônus da prova. A situação apenas se beneficia dos efeitos do medo ganhando apoio para a presença no Iraque mesmo sendo mínimas ou praticamente inexistentes, as relações entre a ameaça da Al Qaeda e a ocupação do Iraque.

Algo que as sociedades ocidentais não compreendem é a diferença na visão de mundo que elas possuem em relação à visão dos radicais islâmicos. As estratégias de intimidação do ocidente não desanimam esses grupos extremistas, mas ao contrário, revigoram seu ânimo pela luta. Eles aguardam o embate direto para morrerem como mártires, portanto quanto maior a ameaça, maior é a glória de quem resiste na defesa de seus princípios.

O fundamentalismo é a relação intrínseca entre política e religião, algo incomum nas sociedades ocidentais pós-revolução francesa. Para nós a política pertence à esfera pública e a religião à esfera privada. Esse tipo de fragmentação não se processou em outras sociedades como o mundo islâmico, o que produz profundas diferenças na interpretação dos sentidos dos signos políticos.

No entanto, apesar de tudo o que foi exposto, o poder da informação segue incólume. Uma ameaça não comprovada pode mudar os rumos de uma discussão que praticamente não possui relações com esse gesto intimidativo, servindo apenas para corroborar os anseios de uma política imperialista e comprometida com o grande capital que hoje reconstrói o Iraque através de financiamentos superfaturados, que serão pagos com o dinheiro obtido na exploração de bilhões de barris de petróleo, combustível fóssil que está na raiz de toda essa sujeira. Chega a ser óbvio.

Um abraço solidário!

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